Diante da pouca adesão, para muitos críticos prova cabal de que a democracia não depende do voto compulsório, por que então obrigar o eleitor brasileiro a votar de dois em dois anos? Para a historiadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Regina Alves da Silva, o interesse está ligado à “política do compadrio” relacionada a afilhados políticos, que significa mão dupla para favores entre correligionários e eleitores.
Regina explica que esse fisiologismo que envolve especialmente políticos e, em certa medida, eleitores com troca-troca de benesses reflete a pouca experiência brasileira com o exercício da democracia. “Temos pouco mais de 500 anos de história e nem 50 de regime democrático”, pontua a historiadora. De acordo com ela, diante desse quadro, o voto não é encarado com “consciência política”. Ao contrário, lamenta Regina, “não há ideia de representação política, mas de troca de favores”. Regina afirma ainda que considera indefensável o argumento dos que querem a manutenção do voto obrigatório. Para os defensores da atual regra, o fim da obrigatoriedade significaria “enfraquecer” o pleito eleitoral, já que eles vislumbram forte abstenção do eleitor descrente com a política .
“É importante deixar claro o nosso grau de indigência política, dar trabalho aos políticos, que teriam que nos convencer a sair de casa para votar neles”, argumenta a historiadora. Ela acredita que está na hora de o país inaugurar o voto facultativo, sinônimo de “amadurecimento e voto responsável”.
(Do Diário de Pernambuco)
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