Do: Diário de Pernambuco
Se continuar nesse ritmo, mudanças poderão ser irreversíveis
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No total, ao redor de 5.500 vertebrados (mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios), distribuídos em 35.000 populações em todo o mundo, estão agora registrados neste “Índice Planeta Vivente”, estabelecido e atualizado a cada dois anos pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL) desde 1998.
O índice se tornou uma referência internacional para medir o estado dos ecossistemas naturais e analisar as consequências sobre a saúde humana, a alimentação e a mudança climática, apesar das repetidas críticas dos cientistas à metodologia de cálculo, acusada de exagerar em grande medida a magnitude do declínio.
“Seguimos confiando na solidez” do índice, assegurou Andrew Terry da ZSL durante uma coletiva de imprensa.
Essas diferenças nas estimativas de diversas populações é muito evidente quando se avaliam os resultados por continentes: por exemplo, a população do boto rosa do Amazonas (conhecido como boto) diminuiu 65% entre 1994 e 2016.
Em contraste, o bisão europeu, que desapareceu completamente da natureza naquele continente em 1927, agora tem uma população de 6.800 indivíduos.
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PONTOS DE INFLEXÃO
“Não se trata apenas da fauna selvagem, se trata dos ecossistemas essenciais que sustentam a vida humana”, alertou Daudi Sumba, conservador-chefe da WWF.
A nova edição do relatório repete a necessidade de abordar conjuntamente a crise “interconectada” do clima e a destruição da natureza. E insiste na crescente ameaça de “pontos de inflexão” em alguns ecossistemas.
“As mudanças poderão ser irreversíveis, com consequências devastadoras para a humanidade”, alertou Sumba, citando o exemplo do Amazonas, em risco de passar de ser um “sumidouro de carbono para emissor de carbono, acelerando assim o aquecimento global”.
O maior declínio é observado nas populações de espécies de água doce (-85%), seguido pelos vertebrados terrestres (-69%) e marinhos (-56%).
Após a América Latina e Caribe, estão África (-76%), Ásia e o Pacífico (-60%).
A redução é “menor na Europa e Ásia Central (-35%) e na América do Norte (-39%), mas só porque os impactos em grande escala na natureza já eram visíveis antes de 1970 nessas regiões: algumas populações se estabilizaram, e até cresceram, graças aos esforços de conservação e a reintrodução de espécies”, explica o relatório.
“A boa notícia é que ainda não chegamos ao ponto de não retorno”, acrescentou, citando os esforços em curso após o Acordo de Paris sobre o clima ou o Acordo de Kunming-Montreal. Esse último fixou aos Estados de todo o mundo vinte objetivos para proteção da natureza a serem alcançados até 2030.
Impulsionar a implementação, até agora tímida, desse programa será a tarefa principal da 16ª Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CDB), que acontecerá de 21 de outubro a 1° de novembro em Cali, na Colômbia.