População reprova bolsonaristas e é contra bloqueio em ST

Fotos: Celso Garcia/Farol de Notícias

Publicado às 04h33 desta sexta-feira (4)

Os protestos contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaram após os resultados das eleições, e na segunda-feira (31), vários estados começaram a sofrer em decorrência da interrupção de tráfego em rodovias federais. O Nordeste também registrou manifestações nessa terça-feira (1º). Apesar da insatisfação da extrema- direita, os resultados das eleições, que elegeram Lula o novo presidente do país, aconteceram de forma democrática, e de acordo com as normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Relembrando o caos da greve dos caminhoneiros do ano passado, as pessoas estão preocupadas com as consequências em relação ao contexto atual. Nesta quinta-feira (3), o Farol de Notícias foi ao Mercado Público de Serra Talhada e ouviu a opinião dos comerciantes no que se refere às manifestações que têm acontecido no país. Todos os entrevistados desejam que os protestos parem, porque os prejuízos para a economia e para a população é grande.

Maria José, 50 anos, conhecida como Neguinha, há 15 anos trabalha no Mercado Público

“Afeta, porque olha o movimento como está. Afeta muito a gente porque faltam as coisas e fica difícil trabalhar. Afeta todos nós aqui, porque o comércio fica com menos pessoas. Falta comida, gasolina nos postos. A gente não pode correr atrás de quem ficou para trás e fez muitas coisas erradas. Não precisa fazer isso, é errado. Alí tem pai de família, tem crianças. Você vê aquelas crianças que foram atropeladas naquele protesto, não podia. Muito erradíssimo! Eu nem sou um, nem sou o outro, porque quem ganha alguma coisa, são eles. Não adianta você brigar, discutir, trocar tapas, se matar, fazer aposta. Não precisa isso não. Tudo dá para a gente, só não dá para comer capim, porque não somos vacas”, disse acrescentando:

“No posto de gasolina, faltou combustível. Ninguém podia comprar carne, porque ninguém tinha mais condições de comprar um quilo de carne para comer. Muita gente passando necessidade, precisão. As casinhas que foram feitas [no Vanete Almeida] não foram entregues, o mato tomou de conta. Muita gente está precisando, morando na rua, debaixo da ponte, pagando R$ 500 de aluguel, sem condições. Não foram entregues para as pessoas que precisam, isso é uma humilhação muito grande. Está erradíssimo, não é certo, e nem está certo, mas agora nós não iremos comer capim, iremos comer picanha”.

Paloma Pereira, 20 anos

“Está prejudicando, atrapalhando muitas coisas. Eu moro no sítio e venho de lotação, e hoje quase que a lotação não passa na Avenida Triunfo. Estava fechado, tinham carros parados, pessoas conversando, e o pessoal buzinando. Conversando, uns perguntando umas coisas e outros respondendo com ignorância. Tivemos que fazer um arrodeio para chegarmos no Centro. Estava tudo fechado, passamos mais de 20 minutos. Hoje, cheguei atrasada 30 minutos. Eu nem sei como está lá agora. É errado. As coisas deveriam estar controladas. Não precisava disso não, está muito exagerado. Não precisa fechar nada não, porque vai só atrapalhar o trabalho das pessoas. Hoje foi complicado, e a gente pensa que não vem para perto, mas vem. Eu vi na televisão e pensei que não chegaria, mas chegou. Vinha uma moça que vinha para fazer uma cirurgia e chegou atrasada, não sabemos nem se conseguiu, porque era pelo SUS.

Aderson Melo, 51 anos, comerciante e radialista

“Ilegal, péssima a situação que estamos passando no Brasil. Tantas barbaridades em termos políticos. [As manifestações nas rodovias] Eu não estou de acordo de maneira nenhuma, porque prejudica. Nas grandes capitais, passou nos jornais que a situação é muito difícil, estão faltando alimentos nos supermercados. Aqui no Nordeste, em Recife e Caruaru, parece que aconteceu a mesma coisa e prejudicou em muitas coisas. Isso é terrível. Tenho mercadoria que vem daquelas rotas que não chegaram, eram para ter chegado hoje pela manhã. Esses protestos em Recife e Caruaru prejudicaram o que eu tinha para receber. Prejudica as próprias vendas, estou com mercadoria faltando nas prateleiras, por causa disso aí”.

Luan Honorato, 21 anos, vendedor

“Acredito que todo protesto é bem vindo, mas quando afeta várias pessoas não é. Afeta, atrapalhando as pessoas de irem e virem, fechando as pistas, as ruas. Está atrapalhando o comércio, a economia, a saúde, as pessoas de irem e voltarem para casa. Eu acho que sim [deveriam parar], porque tem essa questão política que já acabou e não tem mais o que fazer”.