Prefeitura traz prejuízos para Carraspaneiros

Do PE Online /  Fonte / Créditos: Reprodução

Prefeitura de Arcoverde promoveu uma coletiva de imprensa para vender a ideia que a festa foi um sucesso. Nela, destacou o suposto público de 800 mil pessoas, R$ 60 milhões de circulação na Economia, a venda de 18 mil litros de Carraspana e o alcance de mais de 6,5 milhões de pessoas, em cerca de 400 municípios brasileiros. Oitocentos mil turistas, daria uma média diária de 61.538 pessoas. Caruaru estimou um público de 3,6 milhões – média de 55 mil pessoas por dia. Dá para acreditar?

Impacto nacional: A prefeitura, em agosto passado, cria o 1º Festival da Carraspana. Em 28.03.2023, o prefeito aterrissa em Brasília e lá carimba um projeto pedindo o título de Capital Nacional da Carraspana.

De lá até agora, fez o mais ousado plano de marketing de todos os tempos, para divulgar o São João e a Carraspana, contemplando, inserções nas Tvs Asa Branca, Jornal e Globo NE, Rádios de Arcoverde, Caruaru, Recife, Agreste e Sertão, 20 outdoors distribuídos na capital e interior; anúncios em jornais estaduais, milhares de cartazes e folders, aplicativo e página oficial no Instagram, influenciadores Digitais, blogs parceiros, citação em releases enviados à imprensa, ampla cobertura da TV LW, distribuição de bebidas à autoridades, além de ornamentação da festa com a temática carraspana.

Moral da história: O prefeito, comemorou o alcance de, PASMEM, 6,5 milhões de pessoas impactadas pela mídia, em cerca de 400 municípios.

Carraspaneiros enganados: Leigos e achando que estavam tutelados pelo Poder Público Municipal, os fabricantes da carraspana pensaram que iriam impulsionar o produto, mediante o apelo midiático.

Esqueceu a Prefeitura, que iria expor um produto não regulamentado aos olhos da grande mídia e a um mercado profissionalizado, disputado por gigantes fabricantes de bebidas. Passada a festa, vem o Ministério da Agricultura, interdita a produção da carraspana e multa os seus responsáveis. Os fabricantes, mal assessorados pela prefeitura, compraram um sonho fake news, e com orientação errada ou pela falta dela, se auto enganaram.

Pergunta que não quer calar? Por que marketing, Cultura e Vigilância Sanitária, não conseguiram prever que a não regulamentação das Carraspanas poderia criar problemas para os fabricantes?  Até que ponto a prefeitura  – que incentivou e permitiu a divulgação, e o A VENDA e o CONSUMO está isenta de responsabilidade?

Situação nos faz lembrar e refletir:

a) O Tiktoker Agenor Tupinambá, que vivia feliz com sua capivara Filó, mostrou o bicho em suas redes sociais e levou uma 17 mil reais do IBAMA.

b) Hipoteticamente, se a Prefeitura criasse o Festival da Rinha de Galo, haveria risco do mesmo IBAMA multar os competidores?

c) E se, também hipoteticamente, a prefeitura criasse a Exposição Municipal de Animais Silvestres ou a Feirinha Artesanal de Produtos de Higiene Não Regulamentados, onde microempreendedores pudessem vender animais da estimação, ou sabão, detergente e água sanitária, produzidos em casa,  os órgãos de fiscalização não ficariam tentados à inspecionar essas iniciativas? O que faltou foi planejamento e organização. O município criou o problema e agora precisa tirar os carraspaneiros dessa cilada. 

Prefeitura já sabia dos riscos? Coincidência ou não, mesmo promovendo o São João da Carraspana, a prefeitura passou a responsabilidade  da gestão dos espaços gastronômicos para a Associação  Comercial e através do Convênio 01.2023, e se cercou de dispositivos para não responder a eventuais problemas. Impõe a ACA o cumprimento da legislação sobre bebidas e narra que a fiscalização sobre a área, não implica penalidades a prefeitura.

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