Premier renuncia após protestos popularesDo Diario de PE

O primeiro-ministro da Jordânia, Hani Mulki, apresentou nesta segunda-feira (4) sua renúncia ao rei Abdullah depois de cinco dias de protestos contra as medidas de austeridade do governo.

As manifestações acontecem na capital Amã e em outras cidades do país desde quarta-feira passada contra o aumento de preços e contra um projeto de lei para subir os impostos promovido sob pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a realização de reformas estruturais.

Mulqi, no cargo desde maio de 2016, “apresentou sua renúncia esta tarde ao rei, que o recebeu no palácio (…) e que a aceitou”, indicou uma fonte do governo, que pediu para não ser identificada.

O rei Abdullah II pediu ao ministro da educação, Omar al-Razzaz, para que forme um novo governo, segundo a mesma fonte.

O FMI aprovou em 2016 uma linha de crédito de 723 milhões de dólares em três anos para o país.

Em troca, a Jordânia se comprometeu em colocar em andamento reformas estruturais e reduzir progressivamente sua dívida pública até 77% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, frente aos 94% de 2015.

O projeto de lei fiscal, recomendado pelo FMI, prevê um aumento de ao menos 5% dos impostos que afetará pela primeira vez as pessoas com uma renda anual de 8.000 dinares (9.700 euros).

O imposto às empresas aumentará, por sua vez, de 20 a 40%.

Na noite de sábado, cerca de 3.000 pessoas se manifestaram perto do gabinete do primeiro-ministro, no centro da capital.

Centenas de manifestantes também saíram às ruas das cidades de Zarqa, Balqa (leste), Maan, Karak (sul), Mafraq, Irbid e Jerash (norte).

Trata-se do maior movimento de protesto desde o final de 2011 neste país de 10 milhões de habitantes.

Nas últimas 48 horas, o primeiro-ministro fracassou em negociar um acordo de reconciliação com os sindicatos.

O Estado deve “conservar sua independência e não ceder às exigências do FMI”, repetiu o presidente da principal federação sindical, Ali al Abbus.

‘Situação delicada’

Os sindicatos pediram um novo dia de greve nacional na quarta-feira, indicando que queriam pedir ao rei que interviesse “nessa delicada situação”.

Numa primeira tentativa de acalmar os protestos, o rei pediu “um diálogo nacional global e razoável sobre o projeto de lei tributário”.

Desde janeiro, os produtos básicos registraram vários aumentos de preços, devido ao aumento dos impostos no país.

O preço do combustível aumentou cinco vezes este ano, e as contas de luz subiram 55% desde fevereiro.

Os novos aumentos previstos para a última quinta-feira foram congelados na sexta-feira devido aos protestos.

Segundo dados oficiais, 18,5% da população jordaniana está desempregada e 20% está no limite da linha da pobreza.

“Os protestos (…) surpreenderam o governo”, apontou à AFP Adel Mahmud, analista de Ciência Política, acrescentando que “o movimento deve continuar até que suas exigências sejam ouvidas”.