Do Diario de Pernambuco

O procurador-geral dos Estados Unidos, Bill Barr, disse nesta terça-feira (1) que não há evidências de fraude significativa nas eleições presidenciais de 3 de novembro que possam reverter a vitória do democrata Joe Biden sobre o presidente, o republicano Donald Trump.

As declarações de Barr, um ultraconservador leal ao presidente, contradizem Trump, que se nega a admitir o triunfo do candidato democrata por considerar que as eleições lhe foram “roubadas”. Biden foi declarado vencedor em 7 de novembro.
“Até o momento, nós não vimos fraude em uma escala que pudesse levar a um resultado diferente nas eleições”, disse Barr em entrevista à agência de notícias Associated Press.
Barr deu estas declarações enquanto a campanha de Donald Trump insiste em tentar demonstrar que a votação foi fraudada em estados-chave, como Geórgia, Michigan e Pensilvânia, na esperança de evitar que a vitória do democrata seja oficializada pelo Colégio Eleitoral, em 14 de dezembro.
Pouco depois da publicação da entrevista, Barr foi visto na Casa Branca e muitos analistas especulavam que ele poderá deixar o governo. A Casa Branca não fez comentários a respeito.
“Suponho que (Barr) será o próximo a ser demitido, já que ele também diz agora que não houve fraude”, afirmou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer.
Trump demitiu Chris Krebs, diretor da Agência de Cibersegurança e Segurança de Infraestrutura do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), responsável pela segurança eleitoral, depois que ele concluiu, junto com os demais serviços de Inteligência e observadores independentes, que a eleição de 2020 foi “a mais segura na história americana”.
Desde então, Krebs passou a ser demonizado pela Casa Branca. O advogado da campanha de Trump, Joe DiGenova, provocou indignação, ao chamá-lo de “idiota” que “merecia ser fuzilado”.
Em várias ações judiciais, todas rejeitadas nos tribunais, a campanha de Trump tem tentado invalidar milhões de votos dados a Biden, baseando-se em afirmações sem provas.
Os advogados de Trump disseram que houve impressão de cédulas falsas, que milhares de votos foram de pessoas falecidas, que as máquinas de contagem de votos estavam programadas para favorecer a Biden.
Na entrevista, Barr não abordou queixas específicas, mas se referiu à afirmação de que as máquinas estariam programadas para distorcer os resultados das eleições, o que poderia se configurar como uma “fraude sistemática”.
“O Departamento de Segurança Interna e o DoJ investigaram isso e, até agora, não vimos nada que o corrobore”, assegurou.
Barr disse também que as únicas acusações de fraude potencialmente justificáveis “estão muito particularizadas em um conjunto específico de circunstâncias, atores, ou condutas”, que foram investigados.
“Não são acusações sistêmicas e foram descartadas”, disse.
Outras “potencialmente abrangem alguns milhares de votos. Foram acompanhadas”, acrescentou.
A campanha contra os resultados também valeu a Trump uma crítica por parte do encarregado do sistema de votação na Geórgia, Gabriel Sterling.
“Pare de incitar as pessoas a cometerem potenciais atos de violência. Alguém vai sair ferido, alguém vai receber um disparo, alguém vai ser morto”, disse Sterling, ao reclamar que o presidente não se manifesta contra as ameaças violentas feitas a funcionários eleitorais.
“Busca da verdade”
Barr questionou a “tendência crescente” de usar o sistema de justiça penal federal para buscar resolver todos os problemas.
“Quando as pessoas não gostam de alguma coisa, querem que o DoJ vá lá e ‘investigue'”, comentou.
Até então, Barr havia evitado contradizer o presidente e, até antes das eleições, chegou a apoiá-lo em seus questionamentos sobre o voto pelo correio.
Além disso, no início de novembro, autorizou fiscais federais a investigarem as suspeitas de fraude sem esperar a certificação dos resultados por parte dos estados. Pediu-lhes, no entanto, que interviessem somente em casos de acusações “substanciais” e “críveis”.
Trump não reagiu de imediato às declarações de Barr, mas, em uma nota conjunta, os advogados do presidente, Rudy Giuliani e Jenna Ellis, minimizaram seus comentários.
“Com o devido respeito ao procurador-geral, não houve nada parecido com uma investigação por parte do DoJ”, afirmaram.
“Reunimos amplas evidência de votações ilegais em pelos menos seis estados, que não examinaram. Temos muitas testemunhas que declararam, sob juramento, que viram crimes cometidos em relação à fraude eleitoral”, insistiram, prometendo continuar sua “busca pela verdade”.