Professora transforma preconceito em militância contra a lesbofobiaDo G1 Petrolina

A maioria das crianças já foi questionada sobre o que gostaria de ser quando crescesse. A decisão profissional quase sempre é bem diferente do que imaginado na infância. Com a professora contratada da Universidade de Pernambuco (UPE) campus Petrolina, no Sertão do estado, Camila Roseno, a escolha foi motivada por um motivo doloroso, a lesbofobia.

Este é o tipo de preconceito pelo fato de ser lésbica. “O meu primeiro relacionamento lésbico ocorreu no terceiro ano do ensino médio. Após boatos que eu estava ficando com outra aluna do colégio passei a sofrer situações de violência.

Fui constrangida uma série de vezes, tive meu nome riscado no quadro da sala com o dizer “sapatão”, além dos olhares, piadinhas e risos quando eu passava pelos corredores. Pensei em desistir, cheguei a faltar muitas vezes, tinha vergonha, medo, culpa, foi um processo bem doloroso”.

Para Camila, que também é professora da rede municipal de educação de Remanso-BA, a escola é um ambiente onde preconceitos são mantidos pela falta de diálogo e formação pedagógica. Por isso, ela, que atualmente ministra aulas de História; Identidade e Cultura; e Cidadania, além de História e Gênero, optou por tentar através da sua formação construir uma nova realidade.

“Resolvi estudar as relações de gênero na escola e também de sexualidades. No meu trabalho eu observo o crescimento de políticas públicas na última década e como as ações feitas através dessas políticas reverberam em uma escola com uma educação não-sexista, não-homofóbica, não-lesbofóbica.”

“Precisamos democratizar o ensino e o acesso a todas e todos na escola. Não podemos limitar a vida das mulheres e meninas dentro da escola devido a uma construção hierárquica”.

Um dos resultados dessa luta é o documentário produzido pela professora no final da Dissertação do Mestrado em Educação pela UPE. Entitulado “Transgredir”, ele aborda as políticas educacionais em gênero e diversidade sexual, além do atual movimento “Escola Sem Partido”.