Fotos: Farol de Notícias/Celso Garcia

Publicado às 13h50 desta quarta-feira (26)

Após quase três horas de assembleia, os professores e trabalhadores da educação de Serra Talhada decidiram retornar às aulas, após o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) ter decretado a ilegalidade da greve. Quem provocou o judiciário foi a prefeita Márcia Conrado, que se recusa a pagar o reajuste de 14,96% no piso salarial da categoria.

O clima de revolta foi grande durante toda a assembleia, com professores prometendo dar um ‘troco’ ao governo petista. De concreto, além do retorno das aulas, a categoria decidiu preparar uma ‘surpresa’ no dia 6 de Maio, na festa de Emancipação Política de Serra Talhada. A categoria não participará do desfile cívico, mas será realizado um protesto nas ruas.

“O que mais dói é a decisão de ter que voltar às atividades nas escolas, em função de uma decisão judicial, através de uma liminar que o município conseguiu. Para não sermos irresponsáveis e demonstrar que respeitamos a decisão da Justiça, estamos retornando às atividades nas escolas e creches. Mas vamos recorrer da decisão e protocolar várias ações para assegurar a implementação do piso de 14,96%. Enfim, a luta vai continuar. Estamos organizando e foi aprovado na assembleia, que no dia do desfile não sairemos com nenhum aluno, vamos seguir no desfile através de um protesto contra a proposta do governo, que foi rejeitada em assembleia”, explicou Júnior Moraes, presidente do Sintest.

Ainda durante os debates, a advogada do sindicato, Gabriela Florêncio, explicou detalhes da reunião coma prefeita. O curioso é que, sem argumentos suficientes, Márcia Conrado tentou ‘quebrar o gelo’ perguntando se poderia chamar a advogada de ‘Gaby’. Outra curiosidade é que todos os vereadores governistas estavam na reunião, exceto Vandinho da Saúde, André Terto e Pinheiro, do bloco da oposição. No fim da assembleia, o sindicato emitiu uma nota de repúdio contra o governo Márcia Conrado. Na opinião dos trabalhadores, a prefeita do PT ‘criminalizou’ a categoria. Leia a nota abaixo.

Advogada dos professores vai recorrer da decisão

NOTA PÚBLICA DO SINTEST

Aos serra-talhadenses, a nossa indignação!

Sempre demonstramos boa vontade e buscamos o diálogo com o governo municipal. Por diversas vezes cobramos a presença do secretário e da própria prefeita na mesa de negociação para que pudéssemos avançar com um solução que garantisse os direitos dos trabalhadores em educação e, ao mesmo tempo, fosse dentro da realidade do da gestão, que sabemos a capacidade financeira que tem para atender o pleito da nossa categoria.

Depois de muitas tentativas e da forte adesão e apoio que recebemos ao nosso movimento, legítimo e legal, conseguimos, de forma madura e abertos à negociação, sentarà mesa com a prefeita do município e apresentar as nossas razões para alcançarmos as conquistas que temos direito por lei e pela relevância daquilo que realizamos. No entanto, a cordialidade que nos foi oferecida ao sermos recebidos pela prefeita e sua equipe, relembra o beijo de judas, ao demonstrar afeto para disfarçar o mal que fizera.

Enquanto de boa fé fomos dialogar, a gestão municipal acionava a justiça para criminalizar o nosso movimento, negando o aumento, acabando com o piso dos professores e ainda pedindo a aplicação de uma multa de 50 mil reais por dia. Com argumentos frágeis e incoerentes, querem utilizar da força para parar a luta dos trabalhadores, comportamento que não corresponde ao que acreditamos ser adequado a quem diz defender o diálogo.

Por estas razões, repudiamos os atos praticados de forma desrespeitosa e desleal pelo governo municipal, que mais uma vez, abdica do debate propositivo e da negociação com os trabalhadores, representados pelo seu sindicato, o SINTEST, para tentar criminalizar aqueles e aquelas que apenas reivindicam que se cumpra a lei e que sejam assegurados os seus direitos.

A educação vale a luta! E da luta não nos retiraremos.

Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Serra Talhada – SINTEST