Do G1

O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, pediu nesta quarta-feira (21) por “entendimento e calma” depois que uma manifestação pelo fim da violência policial foi dispersada a tiros na noite passada em Lagos, a maior cidade do país.

Em um pronunciamento televisionado, ele não citou os disparos feitos durante o protesto na terça-feira (20), mas pediu aos nigerianos que tenham paciência enquanto promete aplicar uma série de reformas nas forças policiais que “buscam pela paz”.

O governador da região, Babajide Sanwo-Olu, disse que uma pessoa morreu por traumatismo craniano em um hospital depois de se ferir durante a dispersão. Além deste caso, pelo menos mais 30 pessoas foram feridas na manifestação.

Sanwo-Olu disse em uma rede social que vai investigar as suspeitas de que os tiros tenham sido disparados por soldados do Exército nigeriano. A instituição militar nega ter participado de qualquer ação na área do protesto.

A Anistia Internacional contradiz o governo nigeriano e fala que há pelo menos dez mortos, segundo reportagem da agência Associated Press. A ONG acusou as forças policiais e militares de aplicarem um “uso excessivo da força” contra os manifestantes.

Lagos está sob toque de recolher como medida do governo para tentar conter a série de protestos que segue crescendo no país.

Contra violência policial

Após mais de dez dias de manifestações contra a violência policial, vários incidentes foram registrados na terça-feira. Os protestos começaram em cidades do sul, mas se transformaram em um movimento nacional de protestos entre os mais jovens contra o governo.

Os atos também reivindicam uma melhora no cenário econômico da Nigéria.

Em Lagos, grupos de jovens tomaram o controle de quase todas as ruas da metrópole de 20 milhões de habitantes, bloqueando os motoristas e cobrando pedágios ilegais. No oeste da cidade, uma delegacia da polícia foi incendiada. Houve disparos e doze pessoas foram feridas.

“As manifestações pacíficas se tornaram um monstro que ameaça o bem-estar da nossa sociedade”, declarou o governador Sanwo Olu antes de anunciar o toque de recolher.

“Criminosos e arruaceiros se escondem sob o guarda-chuva destes protestos para provocar o caos no nosso estado”, disse o chefe do governo regional.

Na capital federal, Abuja, dezenas de veículos e prédios foram incendiados e a polícia foi enviada para o local. No norte, em Kano, centenas de jovens foram às ruas e alguns queimaram carros e lojas.