Publicado às 7h30 desta quarta (29)

COLUNA MOMENTO POÉTICO

Por João Luckwu, poeta e escritor serra-talhadense

QUANDO TUDO PARECE ESTAR PERDIDO…..
….VEM A CHUVA E COMEÇA A INVERNADA

O mote que deu existência a este poema, recentemente fez parte da coletânea intitulada Alespe, Sertão e Poesia, sendo glosado por renomados poetas brasileiros sob a regência do poeta Amaurílio Sousa e produzida pela Academia de Letras do Sertão Pernambucano – Alespe.

Este poema é carregado de uma forte inspiração do livro “Os sertões” de Euclides da Cunha (1866-1909), quando afirma que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. No sertão as secas são cíclicas, porém é comum este ciclo perdurar por vários anos, acarretando pobreza e fome, ocasionando, muitas vezes, a morte.

Mas o sertanejo resiste e não arreda do seu torrão. Sempre fiel na sua crença, faz promessa para São José esperando que o inverno lhe traga a bonança tão desejada.

Tem na fé a razão da existência
São José lhe assegura a proteção
Dezenove de março em louvação
Clama ao santo que faça a providência
Mesmo a seca assolando sem clemência
Limpa o mato encoivara e faz queimada
Esperança outra vez é renovada
Alegrando o semblante entristecido
Quando tudo parece estar perdido
vem a chuva e começa a invernada

Sertanejo é um valente lutador
A bravura é a marca que carrega
Enfrentando a estiagem não se entrega
Se apegando ao seu chão com destemor
Na esperança do inverno molhador
faz promessa implorando a trovoada
Vai pra roça cumprir sua jornada
Na certeza por Deus ser atendido
Quando tudo parece estar perdido
Vem a chuva e começa a invernada

Já faz tempo que eu vi o meu sertão
Esfriando no pleno meio-dia
Escondendo o clarão que irradia
Vendo a água escorrendo pelo chão
Uma luz bem na frente do trovão
Anuncia com os pingos a chegada
Jorra o céu uma fonte abençoada
Pra molhar meu torrão tão ressequido
Quando tudo parece estar perdido
Vem a chuva e começa a invernada

JOÃO LUCKWU – SERRA TALHADA-PE