Por Blog do Magno

 

Pelos seus méritos, Raquel Lyra (PSDB) chegou ao cargo de procuradora do Estado e embolsa R$ 42 mil por mês. Quando prefeita de Caruaru, optou pela remuneração de carreira, ou seja, o salário da sua profissão. Agora, na condição de governadora, a lei lhe garante o direito de continuar sendo remunerada como procuradora. Sendo assim, ao invés de um salário mensal de R$ 22 mil, como a Assembleia Legislativa aprovou, aumentando o valor anterior de R$ 9 mil, a tucana receberá do Estado os mesmos R$ 42 mil correspondente ao cargo de procuradora.

Mas ao rejeitar o salário aprovado pela Alepe e optar pelo de procuradora, Raquel passa a ser, na prática, a governadora com o salário mais alto do País, acima até de São Paulo. Governador do Estado mais rico da Federação, Tarcísio de Freitas (PL) embolsará salário de R$ 35 mil, já com o aumento em cima do valor anterior, de R$ 23 mil. Em média, os salários de governadores vão de R$ 18 a R$ 26 mil. Segundo maior Estado do País, Minas Gerais paga o salário de R$ 35 mil ao seu governador.

Raquel tem culpa por ter o maior salário do País entre todos os governadores do País? Em absoluto, mas fato é fato. E nas bancas do jornalismo se aprende que o fato é sagrado e a interpretação livre. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite, do mesmo partido de Raquel, recebe R$ 34,5 mil por mês, enquanto o governador do Paraná, Estado também sulista e rico, o salário é de R$ 35 mil.

Transportando essa realidade para o Nordeste, na Bahia, Estado mais rico da região, o governador percebe R$ 35 mil e no Ceará, R$ 19 mil. Se Raquel tivesse optado pelo valor que a Assembleia Legislativa aprovou, de R$ 22 mil, saindo de R$ 9 mil, teria um baita prejuízo, deixando de embolsar R$ 20 mil a cada mês, o que representaria, a cada ano, menos R$ 240 mil, um total de R$ 960 mil ao final do seu mandato de quatro anos.

O mundo dá voltas – Quem diria que um dia o ex-governador Paulo Câmara e o ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, técnicos de carreira do Tribunal de Contas do Estado que viraram políticos pelas mãos do ex-governador Eduardo Campos, voltassem a bater ponto no órgão de origem? Desde ontem, eles estão obrigados a dar a cara por lá, mas, provavelmente, por pouco tempo, já que há uma promessa do presidente Lula de aproveitar Câmara em seu governo e, no plano local, João Campos, prefeito do Recife, tende a abrir espaço para Geraldo.

Sede de poder – Ex-prefeito de Afogados da Ingazeira, deputado estadual eleito nas eleições passadas, José Patriota (PSB) já percebeu que o mundo não gira em torno dele, baixou a bola e desistiu de disputar a reeleição de presidente na Amupe, a Associação Municipalista de Pernambuco. Mas como tem uma sede de poder inesgotável, está à procura de um candidato para chamar de seu e emplacar, mesmo sabendo que o quadro é outro e que os prefeitos querem alguém no controle da instituição alinhado à governadora Raquel Lyra.

Xandão no encalço de Clarissa – Bolsonarista radical, objeto de investigação e inquérito federal em Brasília, por ter usado suas redes sociais em defesa das manifestações que depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, a deputado federal eleita Clarissa Tércio pode ter anulada a sua diplomação por ação do ministro Alexandre de Moraes, o Xandão. Além de perder o mandato, pode responder por crimes contra a paz pública e contra o Estado Democrático de Direito, incitar publicamente a prática de crime, tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito e tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, um governo legitimamente constituído.

Silêncio rompido – Na porta da casa onde está hospedado em Orlando, nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu falar com apoiadores, ontem, sobre medidas adotadas em sua gestão e admitiu que cometeu “deslizes”. Bolsonaro também mencionou os ataques terroristas que ocorreram em Brasília no último dia 8 e classificou o episódio como “inacreditável”. Disse que durante quatro anos, sua gestão teve alguns “furos” e falou sobre liberdade. “Em quatro anos, todo dia era segunda-feira. Tem alguns furos? Tem, lógico. A gente comete alguns deslizes em casa, quem dirá no governo. Só que em casa a gente sabe quem é o responsável. É sempre nós, os maridos”, afirmou.

Bolsonarista no xadrez – A professora Adilma Maria Cardoso, da rede municipal de Olinda, aparece entre as manifestantes presas em Brasília após os atos terroristas de bolsonaristas radicais contra as sedes dos três poderes, no último dia 8, segundo levantou, ontem, O G1, site de notícias do sistema Globo. Ela também foi identificada em um acampamento golpista em frente ao Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Curado. Ela tem 58 anos, é moradora de Camaragibe e dá aula a crianças do primeiro ao quinto anos do ensino fundamental na rede municipal de Olinda.

CURTAS

INCOMPETÊNCIA – A Casa Civil publicou no Diário Oficial a nomeação do ex-prefeito de Gravatá, Joaquim Neto (PSDB), para presidir o Ipa, mas esqueceu, pasmem, de publicar o ato destituindo o atual dirigente, Bartolomeu Monteiro de Lima, que se apresentou, ontem, para o trabalho com todo o direito legal que lhe dar para continuar na função.

ARAS FIRME – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentou isentar parlamentares citados pela Procuradoria-Geral da República como potenciais incentivadores dos ataques às sedes dos Três Poderes. Ele disse não ver ligação dos deputados eleitos Nikolas Ferreira (PL-MG), Clarissa Tércio (PP-PE) e André Fernandes (PL-CE) com a invasão dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o procurador-geral, Augusto Aras, não engoliu.