Do G1

Foto: Transborder News via AP

Insurgentes da minoria étnica Karen atacaram e tomaram um posto avançado do exército de Mianmar nesta terça-feira (27), perto da fronteira com a Tailândia, em um dos confrontos mais intensos desde o golpe militar de 1º de fevereiro.

A União Nacional Karen (KNU), força rebelde mais antiga de Mianmar, disse que capturou o acampamento do exército na margem oeste do rio Salween, que faz fronteira com a Tailândia.

O porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, confirmou o ataque e disse que “medidas serão adotadas” contra a KNU. Horas depois, os militares revidaram com ataques aéreos.

Entenda o golpe militar em Mianmar

No fim de março, a KNU já havia assumido o controle de uma base militar e matado 10 soldados. O exército respondeu com ataques aéreos pela primeira vez em 20 anos na região, e quase 24 mil civis abandonaram suas casas.

Desde a independência de Mianmar, em 1948, muitas facções étnicas lutam contra o governo central para obter mais autonomia.

A partir de 2015, o exército alcançou um acordo nacional de cessar-fogo com 10 grupos, incluindo a KNU. Mas, com a repressão aos manifestantes que não aceitaram o golpe de Estado, alguns grupos ameaçaram retomar as ações.

Solução diplomática

O aumento da tensão ocorre em meio a uma tentativa da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) de alcançar uma solução diplomática para a crise em Mianmar desde o golpe de Estado.

Os líderes da Asean dizem ter chegado a um consenso com a junta militar sobre medidas para acabar com a violência.

Mas os militares golpistas afirmam que considerariam “positivamente” as sugestões dos países vizinhos para acabar com a crise, mas só quando a estabilidade fosse restaurada.

Protestos pró-democracia

O país vive uma onda de protestos pró-democracia e contra a junta militar que tomou o poder.

Os militares derrubaram o governo eleito e prenderam Aung San Suu Kyi, líder civil e vencedora do prêmio Nobel da Paz.

As manifestações têm sido reprimidas com violência e força letal. As forças de segurança já mataram mais de 750 civis nos protestos, que se espalharam pelo país.