Da CNN

Foto: CNN/Reprodução

Os principais diplomatas da Rússia e da Ucrânia – Sergey Lavrov e Dmytro Kuleba, respectivamente – se encontraram pela primeira vez desde o início da guerra, na manhã desta quinta-feira (10), no sul da Turquia.

Em um pronunciamento à imprensa após a reunião, o ministro das Relações Exteriores ucraniano disse que não houve progresso na discussão por um cessar-fogo de 24 horas para “resolver as questões humanitárias mais urgentes”.

Kuleba alegou que o avanço foi impedido porque há “outros tomadores de decisão nesse ponto” no lado russo.

Ele acrescentou que teve a impressão de que a Rússia continuará sua ofensiva em busca de uma rendição de Kiev, “que não conseguirá”. “Lavrov tem uma impressão diferente do que os ministros das Relações Exteriores fazem em uma crise”, completou.

Ele ainda afirmou que a situação mais difícil em termos humanitários acontece na cidade portuária de Mariupol. Kuleba disse que o chanceler russo não se comprometeu com o corredor humanitário nesta cidade.

Os ucranianos continuarão fazendo esforços para encontrar uma solução humanitária no local, segundo o ministro. “Estou disposto a me encontrar novamente neste formato se houver prospectos de uma solução substancial”, concluiu.

“Nós queremos uma Ucrânia neutra”

Pouco após o fim da fala de Kuleba, o chanceler russo Sergey Lavrov também se pronunciou. “Somos a favor de todo e qualquer contato nas questões da crise atual da Ucrânia”, afirmou Lavrov.

Porém, o ministro russo destacou que esses contatos “não devem ser utilizados pelos ucranianos” para substituir as negociações que vêm acontecendo entre delegações diplomáticas, em Belarus.

“Queremos continuar uma conversa séria nessa plataforma de Belarus. Mesmo sem a troca de papéis formais, mas para concordar em alguns pontos”, declarou.

Ele pontuou que os russos fizeram propostas concretas no último encontro, na segunda-feira (7), e aguardam um retorno de Kiev.

Lavrov também relatou que discutiu “muito sobre questões humanitárias e explicamos quais medidas estão sendo tomadas pelos nossos militares no local para facilitar o destino de civis que se encontram reféns dos chamados batalhões voluntários”.

Questionado por jornalistas, Lavrov voltou a questionar a aproximação da Ucrânia e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). “Nós não queremos a militarização da Ucrânia, queremos que a Ucrânia seja neutra”, disse.

O chanceler russo também acrescentou que o presidente Vladimir Putin não seria contrário a uma reunião com o presidente ucraniano Volodymyr Zelesnky, mas disse que isso só aconteceria para discussão de questões específicas.

“Até o final, queremos resolver a situação na Ucrânia por meio diplomático”, afirmou.