Família contesta óbito por Covid em STPublicado às 04h30 desta sexta-feira (13)

Familiares de um idoso de 71 anos, que faleceu na última terça-feira (10) no Hospital Regional Agamenon Magalhães (Hospam), em Serra Talhada, procuraram a redação do Farol, nessa quinta-feira (12), para contestar o boletim epidemiológico da unidade hospitalar, que atestou como sendo vítima do novo coronavírus. O idoso era cadeirante, residia no bairro Nossa Senhora de Fátima, e entrou na contagem como o óbito de número 175 (leia matéria aqui).

A família enviou uma carta a redação, fazendo a trajetória das últimas horas do paciente, e não aceita, em hipótese alguma, o diagnóstico de covid.

“Ele era um guerreiro pai de família, esposo, avô trabalhador da roça, já travava uma batalha contra o próprio coração há mais de 15 anos desde quando sofreu o primeiro infarto. Dr. Anastácio, cardiologista, que sempre o acompanhou, tinha admiração imensa por ele, por ser cadeirante e mesmo com todas as dificuldades que enfrentava construiu sua própria casa no seu sítio que era o sonho de sua vida. Mesmo com toda a luta que enfrentava internamente, nunca se deixou abater por nada, sempre estava com um sorriso no rosto e levava a vida de maneira leve e serena e adorava fazer todos ao seu redor sorrir”, diz um dos trechos da carta.

MOMENTO DE COMPLICAÇÃO

Em um outro trecho, os familiares fazem um relato minucioso até a chegada do agricultor no Hospital Regional Agamenon Magalhães: “Semana passada já tinha passado na clínica de Dr. Anastácio, duas vezes, por complicações no coração, rins, pulmão e diabetes. Quando foi levado para o Hospam estava debilitado, mas lúcido e com bom humor de sempre, umas das suas principais características marcantes de sua personalidade. O hospital demorou mais de uma hora para começar a prestar o devido atendimento, uma falha do hospital que há anos já passa por isso, pelo período da manhã não tem médico e só a partir das 8 horas é que o médico começa a realizar o atendimento aos pacientes.

Na segunda-feira estava (9) estava estável e sereno, se alimentando e já na terça-feira (10), logo após ter feito o teste rápido para covid-10 às 12h, à filha que o acompanhava só foi comunicada por uma enfermeira às 13h que tinha testado positivo para a covid. Fica o questionamento da família por não ter feito o teste no mesmo horário que tinha dado entrada no hospital? A família teve que comprar um kit de higiene pessoal listado pelo próprio hospital no qual consta shampoo, condicionador, enxaguante bucal, dentre outros itens que o hospital, apesar de todo recuso que vem recebendo do governo, não tem nem isso para oferecer aos seus pacientes.

VACINAÇÃO

Por fim, a família enlutada relata que o serra-talhadense já tinha tomado as duas doses da vacina, e lamenta muito não ter o direito de velar o corpo do ente querido: “Ele já tinha tomado as duas doses da vacina CoronaVac há mais de um mês. O médico falhou também em relatar ao paciente e deixá-lo apreensivo ao receber a notícia que estava com Covid-19. A própria família não teve nem o direto de velar o corpo de forma devida com suas crenças e religião, nem o reconhecimento do corpo pode ser feito pelos familiares.”.