Do g1

RG vai passar ter modelo unificado no paisA partir desta terça-feira (1º), os estados já vão poder emitir a nova carteira de identidade nacional. O documento terá um único número de identificação que vai ser o número do CPF

A Ana Paula passou a maior parte da vida no Paraná. Foi lá que fez a carteira de identidade, quando tinha 15 anos. Já morando em São Paulo, cinco anos atrás, ela precisou de uma versão mais nova do documento para tirar o passaporte. Ao receber o novo RG, ela estranhou.

“Eu nunca imaginei que para fazer uma atualização em outro estado, o meu número fosse mudar completamente. Eu sempre pensei que, por ser um documento válido em todo território nacional, ele fosse o mesmo número, mas expedido por outro órgão”, conta a assiste jurídico Ana Paula Alves Primo.
Ter mais de um número de RG é comum. Isso acontece com todo mundo que já mudou de estado e precisou tirar uma nova carteira de identidade. Como os bancos de dados estaduais não estão em rede, o cidadão não consegue manter o seu número de identidade original no documento novo.

Mas a duplicidade de registros vai acabar. A partir desta terça-feira (1º), as secretarias de segurança pública – que emitem as carteiras de identidade – terão o prazo de um ano para começar a expedir o novo modelo.

As pessoas não precisam correr para ter o novo modelo. O atual continua sendo aceito pelo prazo de 10 anos, para a população até 60 anos de idade. Para quem tem mais de 60, o documento não perde a validade.

Governo lança novo modelo de carteira de identidade, que vai substituir o RG

A nova carteira vai ser padronizada: terá um único número de identificação, que será o CPF. Com isso, o número do RG vai deixar de existir. Além do documento físico vai ter o digital, com código de barras e validação de autenticidade por QR Code.

Segundo o governo, com esse sistema, um novo documento emitido em outro estado vai ficar registrado como uma segunda via – e não como um novo documento, sem relação com o antigo, como ocorre hoje.

O professor da Fundação Getúlio Vargas Rafael Alcadipani diz que a carteira de identidade nacional é um avanço, tanto para reduzir a burocracia no dia a dia das pessoas, como no combate à criminalidade.

“Hoje, a polícia pena muito, porque o sujeito pode estar sendo procurado em São Paulo, e ele vai para a Bahia, tem o RG da Bahia e não aparece mais como procurado. Isso é um problema muito sério. E você começa a ter uma questão que é muito difícil de identificar a pessoa. Você não tem uma base digital no Brasil única, e com essa iniciativa você vai passar a ter uma base de digitais única”, explica Rafael Alcadipani.

Para Ana Paula, que passou anos confundindo os números de RG, a novidade é bem-vinda.

“Eu acho que vai melhorar a vida de muita gente e já deveria ser assim há muitos anos”, diz Ana Paula.