Do G1

Uma onda de críticas se seguiu a declarações do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, nas quais ele contou ter abusado sexualmente de uma empregada quando era adolescente.

Em um discurso no sábado (29), Duterte disse que confessou a um padre como enfiou a mão na calcinha de uma empregada enquanto ela dormia.

O partido feminista Gabriela, que representa grupos de direitos das mulheres, disse que Duterte é “indigno de sua posição e deveria renunciar”.

O presidente das Filipinas tem causado indignação com uma série de comentários provocativos, mas continua com popularidade alta.

Em suas últimas declarações, descreveu como entrou no quarto de sua empregada enquanto ela dormia.

“Eu levantei o cobertor. Eu tentei tocar o que estava dentro da calcinha”, disse. “Eu estava tocando. Ela acordou, então, saí do quarto.”

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Ele disse que contou ao padre ter voltado ao quarto da mulher e tentado molestá-la mais uma vez.

Segundo o presidente, o padre o aconselhou a rezar “cinco pai-nossos, cinco ave-marias, porque você irá para o inferno”, segundo o site de notícias filipino Rappler.

É comum que famílias abastadas do país empreguem domésticas e muitas filipinas trabalham como empregadas na Ásia e no Oriente Médio.

O porta-voz de Duterte disse que o presidente “inventou” e “aumentou e emendou” a história durante seu discurso no sábado.

Grupos de defesa dos direitos humanos nas Filipinas condenaram veementemente os comentários, que foram feitos como parte de um discurso contra a Igreja Católica no contexto do abuso sexual de crianças.

Duterte tem sido um crítico feroz da igreja, que se opõe a sua sangrenta “guerra contra as drogas”.

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O partido Gabriela disse que as falas do presidente equivalem a admitir estupro.

“O estupro não acontece apenas por meio da inserção peniana”, disse o secretário-geral da organização, Joms Salvador. “Se é um dedo ou um objeto, é considerado estupro.”

A Coalizão Contra o Tráfico de Mulheres-Ásia-Pacífico alertou que as palavras do presidente colocam as trabalhadoras domésticas em risco.

“Ostentar práticas abusivas encoraja a cultura do estupro e, neste caso, o abuso sexual de empregadas domésticas”, disse o diretor executivo da coalização, Jean Enriquez.

Mais de um milhão de filipinas trabalham no exterior como domésticas, segundo dados do governo.

Última controvérsia

Não é a primeira vez que os comentários e ações do presidente das Filipinas foram reprovados pela opinião pública.

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No início deste ano, ele foi criticado por ter beijado na boca uma funcionária do governo filipino que trabalha no exterior, durante um evento ao vivo na Coreia do Sul.

Ele também disse aos soldados do país que eles deveriam “mirar na vagina” de mulheres rebeldes comunistas.

Em abril de 2016, Duterte falou durante um comício da campanha eleitoral sobre o assassinato e estupro de uma missionária australiana em 1989, em Davao, onde ele era prefeito na época.

“Eu estava com raiva porque ela foi estuprada”, ele disso. “Isso é uma coisa. Mas ela era tão bonita. O prefeito deveria ter sido o primeiro, que desperdício.” Mais tarde, o gabinete de Duterte emitiu uma nota de desculpas.