Publicado às 05h08  deste sábado (8)

Enquanto a população é orientada a ficar em casa, se afastar de situações de risco de contaminação pelo novo coronavírus, as forças de saúde e segurança pública foram convocadas para ir para a linha de frente na prestação de socorro e atendimento as vítimas contaminadas pela doença. Em Serra Talhada, cidade vista como polo médico, tem no Corpo de Bombeiros o suporte para prestação de primeiros socorros de vítimas de acidentes, mal estar, mal súbito e nos últimos meses, se tornaram os principais atores no combate e assistência ao Covid-19.

Sob um rígido protocolo de biossegurança, os 11 bombeiros que integram o 3º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Serra Talhada atuam de acordo com um treinamento que possibilitou praticamente anular a taxa de contaminação e transmissibilidade entre os militares. A reportagem do Farol de Notícias visitou o 3º GB na tarde dessa sexta-feira (7) e conversou com o Sargento J. Coelho, que atua há 22 anos como bombeiro, e o Cabo Jeová, está há uma década na entidade.

“Cada dia que passa os casos vem aumentando e se tornando mais graves. O pessoal parece que está perdendo o medo ou parece que o vírus está chegando aqui no interior. As vítimas têm apresentado sintomas mais graves e a maioria das vítimas antes estavam suspeitas e quando testavam era negativo. Hoje as ocorrências uma boa parte são de casos positivos. Nossa preparação vai desde a colocada do EPI até a retirada”, afirmou o Cabo Jeová, sendo complementado pelo seu sargento:

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“Nós atendemos ocorrências clínicas diversas, e o nosso atendente faz uma triagem em relação a nossa vítima. Nossa preparação demora um pouco, porque seguimos um protocolo, de 5 a 10 minutos para nos vestir. Nos atendimentos, além da roupa normal de bombeiro, usamos de EPI uma bota, um macacão sanitário, quatro pares de luva, um óculos de proteção individual e uma máscara N-95 e o face shield. Todo o equipamento fazemos o isolamento e ao chegar nos desinfetamos, nossa viatura fica aguardando a desinfecção para poder retornar ao atendimento”.

PROTOCOLOS QUE SALVAM

Para os militares, a preocupação que mantem no trabalho para cumprir as normas e evitar a contaminação é a mesma que levam para casa e deixam suas esposas, filhos e entes queridos a salvo, mesmo diante do perigo iminente de contaminação. Seguros de seu trabalho com responsabilidade e cuidados ao próximo, J. Coelho e Jeová, ratificaram que a prevenção é a melhor arma contra a doença.

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“Ao entrar nos bombeiros, assim como boa parte que estão aqui, entraram por um sonho. Então, quando a gente entra temos uma missão dupla que é cantada até no nosso hino que é ‘de vidas alheias e riquezas a salvar’. Então, a vida vai desde alguém que a gente conhece e alguém que a gente não conhece. Temos esses cuidados, essa preocupação. Eu me contaminei, assim como meu filho, mas minha esposa não, justamente por conta dos cuidados que tomamos”, comentou Jeová.

Segundo o Sargento J. Coelho, é importante não entrar em casa com a roupa que estava no trabalho, tirar sapatos e meias, fazer o uso da máscara e do álcool gel ou 70, além de evitar aglomerações. “Eu converso sempre com minha esposa, com minha sogra que mora comigo. Quando eu chego sequer mantenho contato com elas, tiro os sapatos e as meias na entrada, vou direto para o banheiro e toda a roupa que uso no quartel vai separada em um saco. Aqui no quartel não entramos no alojamento com a roupa que saímos para as ocorrências e tomamos todas as precauções no refeitório”, explicou.

HISTÓRIAS IMPACTANTES

Para os bombeiros, o principal ritual a ser seguido diariamente, como uma oração, é a obediência aos protocolos de segurança, sua maior arma contra o Covid-19 dentro e fora do quartel. Dois casos em especial marcaram os últimos meses e, segundo J. Coelho e Jeová, duas vítimas de sofrimento respiratório socorridas durante seus plantões mostraram a força do novo coronavírus.

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“Para mim um dos casos mais fortes que atendemos foi de uma vítima que atendemos e no trajeto para o hospital estava consciente, se recusou a subir no nosso carro de atendimento, e de repente teve uma parada, tentamos reanimar e apresentamos na Emergência Respiratória do Hospam como um paciente suspeito de Covid-19. Esse caso em especial me marcou”, narrou.

 

A ambulância de resgate de vítimas de complicações respiratórias fica estrategicamente posicionada na porta de entrada da sede do grupamento, com as portas abertas para levar sol e arrepiar. Além de ser desinfetada com água, detergente, água sanitária e álcool