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Apesar da grande expectativa alimentada pelo prefeito Luciano Duque, os serviços de atendimentos do Samu em Serra Talhada não serão inaugurados nesta segunda-feira (22). Em conversa com o FAROL, o governo confirmou que apenas a estrutura física do projeto está concluída. Na prática, a população ainda deve esperar um bom tempo para que o Samu comece a funcionar na cidade.

A secretária de Saúde, Márcia Conrado, o assessor de imprensa do prefeito, Tarcísio Rodrigues, e o secretário adjunto de Saúde, Aron Lourenço, conversaram com a nossa reportagem e disseram que o município concluiu toda a sua parte deixando o prédio equipado após cerca de dois anos de atraso e sucessivos adiamentos. Mas o sentimento de frustração continua.

Pois, não haverá chamamento de profissionais para assumirem postos de trabalho neste momento e, tanto o prédio como os equipamentos, ficarão temporariamente inutilizados. A estratégia de Luciano Duque é tirar o foco da prefeitura e culpar agora outros municípios pela demora na inauguração dos serviços, bem como responsabilizar os governos de Pernambuco e o federal.

Nesta entrevista concedida à repórter Emmanuelle Silva, do FAROL, Tarcísio Rodrigues e Aron Lourenço divergem quanto à responsabilidade da instalação das centrais de rádios nos municípios. Já a secretária Márcia Conrado afirma que “não há lógica” dos atendimentos funcionarem apenas em Serra Talhada. Ela destaca também que o prédio da Capital do Xaxado possui até grama. Confira a entrevista!

ENTREVISTA 

Tarcísio Rodrigues (foto1), Aron Lourenço (f. 2) e Márcia Conrado (f. 3)

FAROL: Está confirmada a inauguração dos serviços do SAMU em Serra Talhada?

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Tarcísio Rodrigues: Não, será entregue só o prédio, mas não vai ter inauguração, não. Porque depende do governo do estado e do governo federal. E depende das cidades, são 35 cidades satélites.

Aron Lourenço: Nós percorremos, dentro das reuniões dos colegiados regionais, justamente para mostrar a apresentação de como está a estrutura, a conclusão da central, e fizemos a exposição geral, mas na verdade eles (demais municípios) não têm a estrutura, não montaram a estrutura. Já essa aqui (Serra Talhada) Aron Araújo - Gerente Vigilância em Saúdeestá pronta para funcionar, mas só vai funcionar se os outros municípios estiverem prontos.

Márcia Conrado: Não! É o seguinte: antes, todo mundo botava a culpa em Serra Talhada. Porque o município de Serra Talhada não tinha entregue a estrutura. A estrutura de Serra Talhada está pronta. Agora, os 35 municípios que são os satélites para essa central de regulação, como é que se encontram? Adianta a gente botar para funcionar se os outros 35 municípios não vão poder atuar? Para quê ter a central de regulação e não ter nenhuma ligação?

Tarcísio Rodrigues: Por exemplo, tem Afogados da Ingazeira, se alguém se acidentar lá ele vai ter que fazer uma ligação para o 192, que essa ligação cai em Serra Talhada. E Serra Talhada aciona por rádio a central do Samu de MARCIA-1Afogados, a base que vai funcionar lá para poder liberar a ambulância. Acontece que Afogados não tem a central de rádio ainda…

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Márcia Conrado: Não só Afogados, os outros 35 municípios. A gente só ressalta Triunfo que está bem adiantado a linha…

Aron: Mas não tem o sistema de rádio operador lá…

Tarcísio Rodrigues: E o sistema de rádio é de responsabilidade do governo do Estado…

FAROL: E o estado não deu nenhuma previsão de quando esses sistemas estarão prontos?

Aron: Não depende da gente, da gente dependia a entrega da obra, a obra está entregue. Tá mobiliado o prédio, todo equipado, todos os profissionais já treinados, capacitados. A parte de Serra Talhada a gente já fez, está aqui tudo. Falta o quê agora? Faltam as comissões dos municípios, porque, por exemplo, a partir do momento que tiver isso aqui implantado e os municípios também, vão ocorrer às demandas.

Então, as demandas vão ter que ter retorno para esse deslocamento, para a captação desses vários problemas de saúde. Se lá não tem um rádio operador funcionando, não tem antena, não tem a base, como vão se comunicar? Aqui em Serra Talhada está pronto.

Márcia Conrado: A estrutura toda (está pronta)… Tem ali a entrada… Até os mínimos detalhes, tem grama…

Tarcísio Rodrigues: Agora está faltando só pintar, lavar… Aí aquela coisa com Serra Talhada por causa do Samu, o Samu está pronto, os outros (municípios) é que tem que se aprontar.

Márcia Conrado: Então, não adianta contratar todo mundo, que já está capacitado, se não vão ter como trabalhar…

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Aron: Vai trabalhar para quem?

FAROL: Mas se já está tudo equipado aqui, os serviços não poderiam começar apenas para atender a demanda de Serra Talhada?

Márcia Conrado: Pois é, a gente contrata 75 pessoas para trabalhar só para Serra Talhada? E os outros 34 municípios? Não tem lógica!

Aron: Porque aqui responde por uma central regional de regulação, é a 3ª Macrorregião de Saúde. E atende 35 municípios com Serra Talhada, mais de 800 mil pessoas. Então, Serra Talhada não pode buscar se comprometer na questão da contratação de pessoal se só vai servir a ela mesma.

FAROL: Além de Triunfo, tem algum outro município que está adiantado?

Aron: Não! Eles tem as bases descentralizadas com a ambulância, mas está faltando o rádio operador. Se não tem um serviço de comunicação, não tem como prestar o serviço.

FAROL: Mas o estado não deu nenhuma previsão de conclusão do sistema de comunicação?

Aron: Não! Não é o estado que vai dar. São os municípios que vão contratar esse serviço através de uma empresa que vai instalar esse serviço. Porque, questão de relevo, um município mais alto, apesar de uma torre mais potente, em outros não.

Tarcísio Rodrigues: Precisa do sistema de rádio, porque senão como é que vão se comunicar?