Publicado às 06h17 deste domingo (7)

Por Giovanni Sá, editor-geral do Farol

Amanhã (segunda-feira) a Prefeitura de Serra Talhada vai anunciar a grade de programação da 232ª Festa de Nossa Senhora da Penha, a nossa Festa de Setembro, um evento esperado por toda a região. Eufórica, a prefeita Márcia Cobrado, do Partido dos Trabalhadores (PT), quebrou o silêncio e anunciou uma das atrações, o cantor Gusttavo Lima, que tem uma legião de fãs. Até aí, tudo bem. O artista será pago com dinheiro público, e a contratação é uma prerrogativa, dentro da lei, do governo municipal.

A reflexão que lanço é o que representa a presença do Lima num dos momentos de risco a nossa democracia. O artista é um bolsonarista da gema, fã do presidente Jair Bolsonaro, e amigo pessoal dos três filhos enigmáticos do presidente. Nada de anormal? Talvez, se a gestão em Serra Talhada não fosse petista, e a contratação de um artista que vem pregando as ideias bolsonaristas, prova, tão somente, que a gestão não tem ‘DNA’ petista. Ah, mas isso é patrulhamento ideológico. Pode ser, e daí? Quem reagiu ao desmonte do Ministério da Cultura por Jair Bolsonaro? Quantos artistas de esquerda estão sofrendo perseguições durante este governo sem escrúpulos?

Mas o ‘buraco’ é mais embaixo. Em maio deste ano, durante um show no estádio Mané Garrincha, em Brasília, o apresentador mandou um recado antes do bolsonarista Gusttavo Lima subir ao palco. “O Brasil é nosso, porra! Aqui nunca será o comunismo. Na vida é Deus, pátria, família e liberdade”, gritou o locutor, sob os aplausos de Gustavo Lima. Nas redes sociais, o comportamento do Gusttavo Lima é de enfrentamento às ideias pregadas pelo PT. Ora, então porque vem ‘cantar de galo’ e levar dinheiro público de uma gestão petista? Com a palavra, o PT, que não tem autonomia na gestão.