Nessa segunda parte da entrevista realizada com o deputado Sebastião Oliveira, com exclusividade ao FAROL, ‘Sebá’ rebate as críticas do secretário de Saúde, Luiz Aureliano, e comenta, mais uma vez, a utilização do veículo do Centro de Zoonoses no transporte de filtros. Ele aproveitou para dar conselhos ao prefeito Luciano Duque ara avançar nas ações de saúde.
FAROL – Vamos puxar agora o assunto para nossa aldeia. Gostaria que o senhor comentasse, uma matéria que postamos no FAROL, sobre a polêmica dos filtros que foram transportados num carro do Centro de Zoonoses. O Secretário de Saúde, Dr. Luiz Aureliano, fez uma crítica ao senhor, ratificou que o procedimento era correto e disse, entre outras coisas, que o senhor era um bom médico, mas, como político, era um irresponsável. Como o senhor recebe essas críticas do Secretário de Saúde, com um tema que movimentou a sociedade pelo menos nos últimos 3 dias?
Sebastião Oliveira – Eu acho que a própria sociedade deve tá sabendo, que não precisa ser nenhum especialista médico pra saber que caminhão de apreensão de animais para triagem no Centro de Zoonoses é feito para transportar animais, e não filtro para dar água de beber ao povo. Eu continuo absolutamente convicto do que falei.
Antes de conversar com vocês, eu conversei também com o presidente da APEVISA, Dr. Jaime Brito, e ele disse: “Infelizmente, Sebastião, não existe nenhuma legislação na Vigilância Sanitária, isso eu já disse à você que vou dar uma revisada nessa lei, pra que a gente possa preencher as lacunas da lei sanitária”.
Mas, com todo sanitarista que conversei, disse que era de uma profunda irresponsabilidade e de uma profunda incoerência e não era nem um pouco higiênico. Até porque ninguém vai limpar uma grade onde se apreende animais apenas com uma vassoura com água num lastro aberto. No meio daquele lastro pode se alojar carrapatos, pulgas; e essas pulgas e carrapatos podem estar entrando dentro das casas das pessoas.
E são exatamente esses ectoparasitas que carregam dentro deles outros parasitas que podem fazer a cadeia epidemiológica das doenças que causam diretamente aos animais domésticos da casa, e estes, por sua vez, transmitem através de um outro vetor, para as crianças e outras pessoas que vivem dentro de casa.
FAROL- Como deveria ter sido feita a desinfecção?
Sebastião Oliveira- Então, se ele quisesse fazer um bom sistema de limpeza, de desinfecção no veículo, ele deveria ter feito um serviço num lava-jato com ozônio e num lava-jato com pressão. Eu continuo ratificando as minhas críticas ao procedimento da Secretaria de Saúde; eu não fiz crítica à Luiz Aureliano, fiz crítica ao modus que a Secretaria agia. Eu nem sem quem é esse rapaz, nem o conheço direito.
Agora quero lhe dizer que eu nunca respondi por erro médico, eu nunca respondi na justiça por violência à mulher, eu nunca respondi na justiça por absolutamente nada e muito menos um conselho de ética médico. Eu tenho uma vida limpa, tanto na instância médica quanto na política.
Fui Secretário de Transportes, sou o 3º Secretário da Assembleia Legislativa nesse momento, fui presidente da Comissão de Saúde durante 2 anos da Assembleia Legislativa, recebi uma medalha das entidades médicas quando fui presidente da Comissão de Saúde, talvez o único presidente da Comissão na história da Assembleia Legislativa que recebeu medalha ao mérito do Cremepe de todas as entidades médicas.
Então o povo sabe diferenciar a história de cada político e de cada agente público que faz a vida pública e, sinceramente eu não queria que entrassem na minha casa, na casa dos meus familiares, dos meus eleitores, dos meus amigos um filtro que vai dar água de beber à crianças, aos idosos, às famílias que viesse junto com um prêmio de carrapato e pulga.
FAROL – Já estamos no segundo ano do governo Luciano Duque. Durante a campanha eleitoral, o senhor elegeu a questão da saúde como uma das pautas propositivas. Eu queria que o senhor analisasse esse 1 ano e 3 meses do Governo Luciano Duque, especificamente nas ações de saúde. Queria que o senhor fizesse um breve balanço das ações do Prefeito Luciano nesse período.
Sebastião Oliveira – Acho que o prefeito avançou muito pouco na área de saúde, podia ter avançado muito mais. A esperança era de que quando a Secretária anterior saiu, em agosto do ano passado, ele conseguisse avançar muito mais nas questões de saúde. O que a gente vê ainda é uma profunda dependência do estado aqui dentro do município. É um dos municípios que mais recebe dinheiro, do porte de Serra Talhada no estado de Pernambuco, para cuidar de média complexidade do que todos os outros municípios da região é Serra Talhada, por um pacto de gestão que foi feito há cerca de 6, 7 anos atrás.
E o que a gente vê aqui, infelizmente, é um avanço pequeno. Serra Talhada não tem uma unidade hospitalar de triagem, Serra Talhada perdeu a oportunidade de colocar uma UPA Emergencial para atender aqui as emergências para retirar e desafogar o Hospital Agamenon Magalhães.
Foi toda essa pauta propositiva que eu tratei naquele momento. E a gente está dando nossa resposta hoje, quando estaremos inaugurando a UPA 24h, a UPA de especialidades. Que quando eu dizia que nós íamos trazer os especialistas para atender o povo aqui pelo estado, porque aqui quem quer ter especialista tem que pagar caro; um cardiologista, um endocrinologista, para fazer uma ultrassom, ou vai para a porta de um vereador ou na prefeitura, pedir uma cota que o prefeito tá dando, quando a porta deveria ser aberta para todo mundo, para a universalidade que manda o SUS.
Então quero dizer à vocês que esse sistema de triagem feito pelo estado na UPA de especialidades vai ser porta aberta. Não vai um vereador nosso, não vai ter Cição, não vai ter Leirson, não vai ter Pinheiro, não vai ter ninguém que vai ter cota para ser atendido na UPA! Vai ser um sistema de triagem feito pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, triado pela Geres. E todo cidadão de Serra Talhada vai ter acesso através do SUS e das prefeituras, obviamente, que aderirem à compra de serviços da UPA para mandarem os seus pacientes para lá. Então é algo totalmente transparente.
FAROL- Então a gestão do prefeito Duque pode avançar na área da saúde?
Sebastião Oliveira- Acho que Luciano ainda tem a oportunidade de fazer uma revolução da saúde. Infelizmente, ele não teve sorte de ter trocado o gestor e ter continuado com os mesmos cacoetes e vícios da gestão anterior. É triado só para um único serviço aqui, a gente não sabe muito bem como é que as licitações ocorreram, as licitações não foram abertas do ponto de vista.
Todos os pacientes são drenados para a Clínica São Francisco, a verdade é essa, continua desse jeito. Você quer fazer uma ultrassom, tem que tá na porta de um vereador que é de mandato ligado ao prefeito. A porta de entrada não tem que ser a Câmara de Vereadores, tem que ser o Sistema Único de Saúde. Acho que Luciano ainda tem a oportunidade de mudar isso, ele tem a oportunidade de rever isso; nós tínhamos muita esperança de que, a partir de agosto, as coisas fossem modificadas. Infelizmente não foi. O que a gente vê é que os mesmos problemas que aconteciam antes se repetem, o que é uma pena.
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