Publicado às 13h15 desta sexta (16)

Declarando que vem enxergando uma “grande sabedoria” nos médicos que estão brigando pelo convênio no SUS de um centro de oncologia em um hospital particular de Serra Talhada, o deputado federal licenciado Sebastião Oliveira disse que o Governo do Estado poderia liberar a instalação caso Dr. Nena Magalhães, proprietário do Hospital São Francisco, aceite um desafio:

“É preciso que o dono do Hospital São Francisco venha a público e diga: ‘Eu vou me responsabilizar por todas as cirurgias oncológicas, por todos os cuidados paliativos, vou montar uma clínica de dor e vou me responsabilizar pela radioterapia. Se ele fizer isso, eu tenho certeza que o Estado de Pernambuco vai bancar esse credenciamento”, garantiu Sebastião em entrevista ao programa Frequência Democrática, nessa quinta-feira (15), na rádio Vilabela FM.

Sebastião se disse preocupado, pois estariam tentando politizar o assunto culpando a gestão estadual, quando, segundo ele, a questão requer uma atenção técnica. Ele lembrou que, com base nas experiências que o Estado vem observando após a concessão de serviços de oncologia em clínicas particulares de outras cidades, os pacientes acabam abandonados.

“Não estou dizendo que é o caso do Dr. Rogério Brandão e nem Dr. Francisco (Dr. Nena), mas muitos pacientes terminais que frequentaram essas clínicas após a quimioterapia, são abandonados pelos médicos e hospitais particulares e vão à procura do SUS. E nós queremos montar toda essa rede para colocar dentro do Hospital Geral do Sertão (HGS)”.

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A previsão é que a estrutura física do HGS fique pronta até o final desse ano, com estimativa de inauguração dos serviços em 2019.

MÁ VONTADE OU DISCURSO FÁCIL ?

O deputado e secretário estadual de Transportes também partiu em defesa do secretário estadual de Saúde, Iran Costa, afirmando que não há má vontade da gestão. Sebastião chegou a dizer que acha “injusto usar a dor do povo” para fazer “discurso fácil” culpando o governo Paulo Câmara, quando o problema não seria de ordem política, como estariam tentando alardear.

“Não há nenhuma má vontade. Eu quero explicar à população de Serra Talhada que o Hospital São Francisco fez uma clínica particular de oncologia e ela não pode depender do Estado para funcionar. E acho muito injusto usar a dor do povo, com todo o sofrimento que é a doença do câncer, para ficar fazendo discurso fácil, para a população acreditar que isso é culpa do Governo do Estado”, criticou Oliveira, argumentando:

“Eu sei da luta que Iran (Costa) está fazendo em Brasília para botar um centro de radioterapia em Serra Talhada, no Hospital Geral do Sertão (HGS). Ele tem brigado demais no Ministério da Saúde e vamos ser referência no Sertão, coisa que Petrolina não tem, para cuidar – com esse centro de radioterapia – do paciente oncológico, que não é tratado somente com quimioterapia. A cadeia de tratamento de um paciente oncológico deve ser feita com todos os cuidados que necessita um paciente oncológico: ou seja, com radioterapia, quimioterapia, cirurgia oncológica, cuidados paliativos e uma clínica de dor. Mas o que é que esses hospitais particulares estão fazendo? Montam as clínicas de quimioterapia e na hora que o paciente complica da quimioterapia ou está em fase terminal, não têm uma enfermaria de cuidados paliativos para esse paciente terminal, não têm uma clínica de dor e muito menos a cirurgia oncológica”.

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CLÍNICA SÃO FRANCISCO

Sebastião centrou sua análise da postura do Hospital São Francisco, dizendo que seus representantes estariam tentando insuflar uma comoção popular, mas sem revelar como de fato o serviço seria oferecido, caso o credenciamento ao SUS desse certo:

“O que o Hospital São Francisco está querendo usando a comoção popular é pegar o que tem de bom no tratamento da oncologia e jogar todo o resto para cima do Estado de Pernambuco. Mas o que o Estado de Pernambuco quer fazer? Quer montar dentro do Hospital Geral do Sertão a radioterapia, que não tem no hospital São Francisco, que montar a ala de cuidados paliativos que não tem no hospital São Francisco, quer colocar a cirurgia oncológica que também não tem no Hospital São Francisco e colocar também a clínica de quimioterapia – que teria lá (no São Francisco) e pode ter de forma particular sem precisar que o Estado banque – e o secretário Iran Costa quer colocar todo esse arsenal terapêutico dentro do Hospital Geral do Sertão (HGS). O que é justo, honesto e decente a se fazer. O que não pode é politizar um assunto tão importante como esse. Se exige debate? Então vamos fazer! Se exige esclarecimentos? Estamos prontos! Mas não há nenhuma má vontade”, garantiu ‘Sebá’, afirmando:

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“Nós não somos irresponsáveis em investir num assunto em que não podemos oferecer toda a cadeia e rede de atendimento completa ao paciente oncológico. Por que o que está acontecendo em muitos locais onde houve a liberação desse credenciamento? Os pacientes fazem a quimioterapia e quando têm problema (os hospitais) jogam os cuidados paliativos e a cirurgia oncológica para o Estado. E a clínica particular fica só com a quimioterapia. O que é um absurdo!”.