escola1Fotos: Alejandro García/Farol

Não, não é cenário de guerra, mas a ferida é a mesma, causada pela histórica falta de investimentos na educação de Serra Talhada. Acionados pela população do bairro da Caxixola, o FAROL foi visitar a escola municipal José Rufino Alves e constatou a precariedade na estrutura do educandário, situação que vem prejudicando o desempenho de professores, funcionários e alunos.

Estudantes confessam que sentem medo, pois sabem que, durante a noite, parte da escola serve como ponto de venda e consumo de drogas, e não há qualquer fiscalização. Câmeras de segurança e parte da iluminação externa foram quebradas por vândalos. O colégio, que atende do pré-escolar até o 5º ano (4ª série), possui atualmente cerca de 240 estudantes e apenas três salas de aulas.

EscolaSEM INVESTIMENTO: Alunos lamentam o estado de precariedade da escola José Rufino Alves

Há cerca de três anos, por conta da grande demanda nas matrículas, a prefeitura alugou uma casa para transferir parte dos estudantes. Eles agora assistem às aulas em cômodos improvisados dentro da residência alugada: garagem, sala de estar, quartos e até parte da cozinha viraram local de estudo. Neste anexo, estudantes dividem o ambiente de aprendizado sob fios de eletricidade e tubulações expostos nos tetos.

Na sede da José Rufino Alves, cupins estão corroendo as portas do educandário, ventiladores e janelas estão quebrados; maçanetas, fechaduras e interruptores danificados, banheiros com pias e chuveiros destruídos, paredes descascando afetadas pelo mofo e vazamentos. Funcionários e alunos pedem que um guarda municipal cuide da segurança no colégio durante a noite.

escola2GARAGEM: Há cerca de três anos alunos assistem às aulas numa casa improvisada

“Temos que desligar o registro da água e lavar as crianças e os pratos na base do balde, pois quando ligamos o registro a caixa vaza e afeta tudo aqui. Na cozinha já levei várias quedas por conta de buracos no chão”, conta uma das funcionárias. “Acho que vou perder amigos, já que alguns disseram que vão sair da escola por conta do calor”, lamentou com tristeza, David Sávio, 13 anos.

Uma das professoras chega a questionar a promessa do prefeito Luciano Duque (PT), de que iria climatizar todas as escolas municipais. “Isso está mesmo acontecendo?”, pergunta a docente, se dirigindo a nossa reportagem. “Tio, vem mostrar isso aqui. Nós estamos morrendo de calor dentro das salas”, gritou a garotada, agarrando-se à janela do carro da reportagem do FAROL, durante a nossa chegada à escola.

DSC_0263-3SEM ESTRUTURA: no “anexo” à escola, crianças dividem espaço com fios e tubulações no teto

O OUTRO LADO

O FAROL conversou com a nova diretora do colégio municipal José Rufino Alves, Eduégina da Silva, empossada esta semana. Ela confirmou que dois ventiladores de parede estão quebrados em uma das salas de aulas. “Mas conseguimos improvisar e arranjamos outro. Ninguém está sem ventilador agora”, garantiu, apesar dos estudantes revelarem que o equipamento vem apresentando defeitos e “tem hora que para de vez”.

Tanto a diretora quanto o secretário municipal de Educação, Edmar Júnior, concordaram que situação da escola José Rufino Alves é precária. Em conversa com o FAROL, Edmar informou que a prefeitura deve iniciar a construção de um novo prédio no local a partir de 2015.

“Nós aprovamos um projeto de R$ 500 mil junto ao governo federal que será executado com a construção de três novas salas de aula, com novos banheiros e uma nova cozinha. Quando concluirmos essa ampliação, vamos transferir todos os alunos para este novo prédio e fechar aquele anexo, destinando parte dos alunos pequenos que estão lá para a nova creche que já está sendo finalizada no bairro”, detalhou.

O professor Edmar Júnior disse ainda que o município reservou, no orçamento de 2015, recursos próprios para garantir a reforma da precária sede atual do colégio José Rufino Alves. Parte de um dos muros do educandário já foi demolido para o início das obras de ampliação.

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DSC_0238-1DSC_0235-1DSC_0253-1GAROTADA que estuda na escola José Rufino Alves lamenta falta de estrutura do colégio