ST é a terra dos rachas, mas quem sai enfraquecido neste enredo?Publicado às 15h20 deste sábado (23)

Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e colunista do Farol

O racha entre o deputado estadual Luciano Duque (SD) e a prefeita de Serra Talhada Márcia Conrado (PT), não foi novidade e ocorreu no tempo certo da política. E quem somos nós para determinar o tempo certo para desfechos de acordos políticos? Mas no caso do deputado e da prefeita o cenário começou a se desenhar durante as eleições de 2022. Luciano com Marília Arraes e Márcia, primeiro com Danilo Cabral e por fim com Raquel Lyra, era sinal de aliança já não era tão forte assim.

Serra Talhada é historicamente uma das cidades como mais racha entre grupos e lideranças políticas, talvez só perca para o que acontece na capital Federal, Brasília – DF.

Nos últimos 50 anos podemos citar os rachas entre Argemiro Pereira e Inocêncio Oliveira, Augusto César e Carlos Evandro, Carlos Evandro e Inocêncio Oliveira, Carlos Evandro e Sebastião Oliveira, Luciano Duque e Geni Pereira, Geni Pereira e Augusto César, Luciano Duque e Inocêncio Oliveira, Luciano Duque e Sebastião Oliveira, Sebastião Oliveira e Victor Oliveira, Luciano Duque e Carlos Evandro, e por fim, Luciano Duque e Márcia Conrado.

Infelizmente vai faltar espaço para listar o pula-pula dos vereadores e cabos eleitorais. Faltaria também espaço para listar os tradicionais ‘babões’ e ‘puxa-sacos’ das lideranças.

O racha anunciado na manhã de ontem por Luciano Duque não foi nenhuma anomalia política, faz parte da política, no entanto mexe com o tabuleiro. Há exatos 12 anos, Luciano Duque também anunciou a ruptura com o grupo de Inocêncio Oliveira e com o apoio de Carlos Evandro, Manoel Santos e Humberto Costa, filiou-se ao PT e acabou sendo eleito prefeito (2012) e reeleito (2016).

A dúvida que sempre irá pairar sobre a cabeça da população, e certamente provocará debates acalorados, é o de quem foi o traído e quem foi o traidor. A resposta para essa indagação vai levar muito tempo, muitas especulações vão surgir até chegarmos a essa conclusão.

O silêncio da prefeita Márcia Conrado também não é bom, acaba deixando muitos questionamentos no ar.

O certo é que teremos em 2024 uma eleição extremamente animada e movimentada. Qualquer prognóstico no momento é o mesmo que apostar na mega-sena, já que há qualquer momento novas alianças ou novas rupturas podem surgir mudando totalmente o resultado final das eleições.

A princípio podemos dizer que essa movimentação de Duque enfraquece o caminho de Márcia para a reeleição. Resta a prefeita ouvir mais ‘os serenos’ ao invés ‘dos incediários’, descentralizar as decisões e colocar os secretários para serem um pouco mais ‘políticos’ no manejo com as suas pastas, com as suas demandas  e principalmente com as cobranças e anseios da população, afinal de contas, todos eles são servidores públicos.