Publicado às 05h26 desta quarta-feira (3)

O cantor e compositor serra-talhadense Sóstenes Marcelino Alves Bezerra, 39 anos, de nome artístico Soll, mora em Portugal e está entre os 30 participantes do BDO Live Festival Portugal criado pelos realizadores do Brazilian Day nos EUA com o intuito de celebrar novos compositores e cantores.

O Festival é um grande divisor de águas para o artista, uma vez que a partir dele irá lançar seu álbum “Minhas Estações” que trás muita influência dos sons, ritmos e histórias de Pernambuco, uma delas é a música “Sopro” a qual conta, em forma de trova, a história do sertanejo com suas dificuldades e vitórias até transcender desta para outra vida.

BDO LIVE FESTIVAL

Um dos objetivos do BDO Live Festival Portugal é que a nova geração de compositores seja vista por grandes nomes da música brasileira, portuguesa e mundial. Ano passado o BDO Live foi realizado nos EUA envolvendo compositores brasileiros que lá vivem e para a edição deste ano eles focaram nos compositores que vivem em Portugal.

Contam com a parceria com grandes nomes da música brasileira como Roberto Menescal, Erasmo Carlos, Frejat, Guto Graça Mello, dentre muitos outros, e também da música Portuguesa, como é o caso do Rui Veloso, Tiago Nacarato, dentre outros.

Para e edição de Portugal, foram selecionados 30 participantes para os programas que serão exibidos online no canal do YouTube do BDO Live Festival. Os compositores enviaram vídeos cantando as músicas ao vivo para mostrarem a voz e a composição.

Não é levada em consideração a qualidade técnica do vídeo em si, visto que um dos prêmios é a gravação de um videoclipe da própria canção, a masterização e se não estiver pronta será feito o trabalho de arranjo, gravação em estúdio, até o processo final de mix e masterização.

O Festival começou dia 27 de fevereiro e terá duração de cerca de 5 semana. Toda semana é escolhido cinco participantes para serem divulgados os vídeos nas redes do BDO Live, a saber: YouTube, Instagram e a página do BDO Live. cada dia da semana será lançado um vídeo de um participante e aos sábados, será os encontros da decisão dos três melhores dos cinco que vão para votação do público e no dia 1º de maio será realizada a grande final. Há apenas um ganhador do prêmio final, mas haverá premiação com taça para os demais participantes.

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TRAJETÓRIA E INSPIRAÇÃO DE SOLL

Soll é natural de Serra Talhada, se considera Pernambucano da gema, visto que todos da família também são, seus pais são de Belo Jardim, porém muito cedo se mudaram para a Capital do Xaxado, visto que seu pai era do IPA, depois foi para a EMBRAPA e se mudaram para Petrolina onde o cantor e compositor viveu até os 14/15 anos.

Ele é graduado em Psicologia e exerceu a profissão por algum tempo, porém decidiu ganhar o mundo e desde então entrou na magia da música. No início no nicho gospel e em seguida expandiu para outras áreas. Trabalhou como Vocal Coaching para duas gravadoras, sendo uma inglesa e outra portuguesa, mas sempre nutrindo no coração o desejo de tornar suas composições conhecidas por todo o mundo.

”Montei um coral gospel e gravamos um single com possibilidade de assinar contrato com gravadoras de grande nome no mercado, mas em seguida por me desvincular de instituições religiosas optei por colocar em prática o sonho até então adormecido. Foi quando fui apresentado ao produtor/arranjador Tuca Alves que presta serviço para o The Voice Brasil e tem em seu curriculum musical passagens pelos palcos com Maria Rita, Joanna, Ferrugem dentre outros. O Tuca assina a maior parte dos arranjos do meu primeiro álbum “Minhas Estações” juntamente com um grupo de arranjadores renomados nacional e internacionalmente”, disse Soll e continuou falando das inspirações das suas músicas.

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”As minhas músicas tem 100% de influência nordestina, deste ritmos até letras que refletem minha infância no sítio dos meus avós em Venturosa no sertão nordestino.
Eu comecei a minha carreira musical em Campo Grande-MS participando de festivais como Backing Vocal para a cantora Karina Marques (juntamente com a Priscila Correa Dias), participando do musical RESPECT no teatro do SESC sob liderança do Fernando Fernandes, na época diretor do curso de Artes Cênicas (o qual passei e cursei alguns meses antes de sair do Brasil) da UEMS.”

Soll estava a espera do timing perfeito para lançar o álbum ”Minhas Estações” e quando soube do evento escolheu a plataforma para tornar suas músicas conhecidas. Segundo ele, a escolha do nome no álbum se deu devido a maior parte das músicas ter sido composta em estações de trem e metrô da grande Lisboa, onde residiu por quase 8 anos.

Além disso, o álbum representa as estações musicais que escolheu chamar de “fonte” das quais bebe para compor e criar. Há vários estilos representados nele, desde o chorinho, tango/bossa, forró pé-de-serra, baião, até o maracatu.

PARTICIPAÇÃO NO FESTIVAL

A canção selecionada para apresentar no BDO Live Festival chama-se “Pássaro Preto” e reúne três lindas histórias de amor. A primeira é de duas amigas que eram casadas há cinco anos e uma delas tinha como projeto de vida a maternidade e a outra não.

Mesmo com muita dor ressignificaram a relação e se tornaram grandes amigas. A segunda história é mais pessoal, diz respeito a uma temporada de férias que o cantor passou em Venturosa-PE no sítio dos seus avós.

”Meu voinho tinha um graúna e era muito apegado ao pássaro preto a tal pronto que quando o via chegando na cancela já começava a cantoria e, por conta disso, eu já sabia que ele havia chegado para o café da manhã depois de sair às 4 da manhã para ordenhar as vacas no curral.

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O graúna morreu e ficaram as lembranças ao ponto de quando eu mostrei a canção a ele as lágrimas rolarem nos olhos (sim tenho a sorte de ter ainda os meus 4 avós, dois nascidos em Belo Jardim, e dois nascidos em Venturosa)”, relembrou e continuou:

”A terceira história é uma fábula contada por voinha que dizia que uma feiticeira pediu água a um caçador acostumado a matar pássaros pretos (assum preto) e que este negou-se a dar água. A feiticeira o amaldiçoou dizendo que tudo que ele mais amava iria se tornar naquilo que ele mais odiava e a única filha virou um “assum preto”. O caçador então parou de matar, pois não sabia qual deles era a filha e a feiticeira resolveu dar-lhe o direito de uma vez ao ano, em uma noite de lua cheia voltar a abraçar a filha que, para que ele soubesse que era ela, tinha um canto diferenciado que dizia “Assum preto de alimoa, escutai sinhô, sou’lá do campo verde, filha do caçador”, sempre com uma entonação característica da nossa terra.Unindo estas histórias, nasceu ”Pássaro Preto”, com arranjos que une percussões, baixo acústico e violão e vários sons característicos do nordeste.

Sóstenes Marcelino Alves Bezerra é o nome de registro do cantor e compositor serra-talhadense, e o Soll, nome artístico que se originou a partir da semelhança do seu nome com Sostenido e como sempre cantou em corais, era chamado de Sol Sostenido e depois ficou apenas Soll, com dois L’s.