Publicado às 22h desta quinta (6)

Após a apuração do resultado do 1º turno das eleições do último domingo (2) a internet recebeu uma enxurrada de publicações de cunho xenofóbico responsabilizando a região Nordeste pela votação expressiva no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os ataques covardes contra a nossa região partiram de apoiadores do Sul e Sudeste do candidato a reeleição Bolsonaro. Diante da polêmica nas redes sociais e nos principais portais de notícias do país, a reportagem do Farol foi às ruas de Serra Talhada ouvir a opinião popular sobre o assunto na tarde dessa quinta-feira (6). Os serra-talhadenses repudiaram os ataques e cobraram respeito. Veja os depoimentos!

FALA POVO – XENOFOBIA CONTRA NORDESTINOS

Pedro Henrique Terto 16 anos, estudante, morador do bairro Nossa Senhora da Penha.

“No primeiro turno foi o meu primeiro voto como cidadão, completei 16 anos e tive interesse em votar. Em suma, eu achei que a votação seria algo muito pacífico. Mas no final do primeiro turno também recebi vários áudios, sobretudo das regiões do Sul e Sudeste, falando muito mal do Nordeste e criticando muito. É uma atitude deplorável, primeiramente. A gente devia se unir nesse momento e respeitar uns aos outros. Porque, independente, do voto, nós temos que ser democráticos e aceitar a escolha do outro. Então, eu repudio muito esse tipo de ação. A gente tem que abolir todo esse preconceito que está impregnado na história do Brasil em relação ao Nordeste”, dissertou o jovem eleitor.

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Rodolfo Ferraz, 29 anos, motorista e morador da comunidade Logradouro. 

“Tratando a gente como cachorro. Nisso aí, o Nordestino é igual a qualquer um, pode ser do Sul, do Sudeste. Eu acho que é uma falta de respeito. O povo fica enraivado, porque que eu saiba o Nordestino é igual a qualquer um, agora querem tratar a gente igual cachorro. Eu acho isso errado demais, não quer dizer nada o voto. Eu posso votar em C, B e A e quem sabe a minha posição sou eu, não é eles”, desabafou o trabalhador.

Meury Brito, 49 anos, professora, moradora da Praça Manoel Pereira Lins. 

“Eu, particularmente, acho uma falta de respeito. Como cidadã a gente não pode usar desses termos para defender algo que a gente deseja muito. Eu mesma respeito a todos, a liberdade de expressão, a liberdade de vida de cada um. E, principalmente, levando para o lado Cristão, é tudo contra aquilo que Deus pregou. Porque ele pregou a igualdade, a união de todos e ele não faz distinção de nada, de raça, de cor, de sexo e nem de ideologia. Então, eu acho que no momento que qualquer pessoa se coloca em uma rede social contra aquilo que Deus quer que nós sejamos e nós façamos, então, eu acho que nós estamos indo de uma forma errônea. Como cidadão, como brasileiros e cristãos, principalmente”, refletiu a professora.

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Roseane da Silva, 47 anos, agricultora moradora do Assentamento Virgulino Ferreira.

“Eu acho que eles não sabem o que falam, porque eles começam falando dos nordestinos, mas sabendo que não fossem os nordestinos não levavam a comida para a mesa. Nós somos pequenos agricultores, mas sabemos o que é a cultura, o que é botar comida na mesa. Eu achei uma posição errada, eles não sabem o que falam. Mas querem nos amedrontar, mas nós não vamos abrir espaço para eles. Nem aqui e nem lugar nenhum”, comentou a agricultora familiar.

Maria Aparecida Pereira, 42 anos, agricultora, moradora do Assentamento João Pedro Teixeira.

“Eu acho que são pessoas que não conhecem o Nordeste ainda, eles deveriam conhecer para poder falar. Poderiam vim conhecer o Nordeste e saber o porquê o Nordestino tem a sua posição. Também, eu acho que é uma falta de respeito com o próximo, independente. Somos todos brasileiros, e independente do Sul ou do Nordeste, temos nossa cultura. Diferenciada, sim, mas eu creio que do jeito que tem pobre no Nordeste tem também no Sul. Além da pobreza o trabalho escravo que existe no Sul, o agronegócio predominando. Mas vamos seguir lutando por uma democracia justa e igualitária para todos”, afirmou a trabalhadora do campo.