Marinho: "Não há provas contra policiais presos"Em agosto do ano passado um escândalo foi aberto no Complexo de Operações da Polícia Civil (Core) de Pernambuco, quando mais de 1.300 armas sumiram do local, com a suspeita de terem sido negociadas com bandidos. Logo em seguida, seis policiais foram presos como suspeitos, um chegou a morrer após a prisão.e os demais lutam para serem pelo menos ouvidos pela Justiça. Na semana passada, durante o programa Falando Francamente, na TV Farol, o ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Cláudio Marinho, apontou várias várias falhas e dúvidas no processo, e defendeu a inocência dos encarcerados.

“Não existem provas para manter esses policiais encarcerados. É preciso que a Justiça, que o Ministério Público se debrucem sobre o caso. Primeira questão, porque a instituição reuniu a cúpula da Polícia Civil e passou para a sociedade que apenas 325 armas haviam sido extraviadas de dentro do Core. Por que ocultar o úmero de armas que estava sendo subtraidas de dentro do Core. Essa é a primeira situação. Segundo, por que a instituição que o próprio gestor, compondo o período que ocorreu o caso desse início as investigações? É lamentável uma situação dessas, e para se ter uma ideia, um dos policiais que estão encarcerados, que é o próprio Josemar Alves, foi coagido porque fez o levantamento de todas as armas com seus números todos e entregou ao delegado imediatamente superior a ele. E foi essa relação para a Polícia Federal. E no entanto, esse policial foi coagido a modificar o depoimento dele para dizer que  apenas 325 armas tinham sido subtraídas de dentro do Core. Com que intenção eles fazem isso?”, disparou Marinho, cravando:

“Por isso que eu falo que os primeiros a sentar no banco dos réus deveriam ser os gestores, aí eu falo chefe de polícia, secretário de Defesa Social, os gestores que passaram pelo Core, porque a situação do Core a gente já vinha denunciando enquanto ainda estava a frente do Sindicado dos Policiais Civis. Eu acompanhei os incêndios que ocorreram lá no Core e nós criticamos isso, perante a imprensa, perante as próprias gestões que passaram lá que não tinham condições do Core permanecer naquela situação.

CASO JOSEMAR 

Ainda durante a entrevista, o ex-Presidente do Sinpol, que é comissário aposentado, citou como exemplo o caso do policial e professor Josemar Alves dos Santos, que está há onze meses preso, mas nunca foi ouvido pelo sistema.

“Eu conheço todos os policiais que estão encarcerados. Inclusive o administrativo que veio a óbito, mas em particular o Josemar. Eu trabalhei com o Josemar na Corregedoria, eu conheço a índole desse policial. Esse policial já estava aposentado, professor também, e aceitando um convite do delegado Sérgio Ricardo, ele voltou para trabalhar na companhia desse delegado. Todo o patrimônio dele já foi comprovado, todo o patrimônio dele é fruto do trabalho como policial aposentado, e como professor nas horas vagas que ele tinha. Então, é lamentável que a pessoa passe por um constrangimento desse. Eu falo particularmente de Josemar porque eu conheço, eu trabalhei como policial, e a gente sabe na instituição quem é, quem presta e quem não presta. Eu vou dizer mais uma coisa para você, Giovanni, e para todos os seus ouvintes, esse policial teve a casa dele invadida pelo delegado gestor, que na época estava à frente sem nenhum mandado de busca e apreensão, apreenderam as duas únicas armas que ele tinha, tranquilamente registradas, cadastradas e munições velhas, que se quer a autoridade teve a competência, ou até mesmo maldade de não fazer uma perícia sobre as armas dele e as munições, para saber se as mesma munições eram compatíveis com as munições retiradas do Core. Então, é um absurdo que esse pessoal ainda esteja respondendo dessa forma, quando não existe prova dentro dos autos que prove o contrário”, lamentou.

Nesta semana, a defesa de Josemar Alves emitiu uma nota sobre o caso ao Farol. Leia abaixo:

NOTA PÚBLICA

A defesa de JOSEMAR ALVES DOS SANTOS informa :

A operação reverso foi desenhada para abafar o escândalo do furto de armas do CORE de forma que não comprometesse o gestor na época JOEL VENÂNCIO e nem a eleição para o governo, já próxima.

O real objetivo nunca foi prender os culpados ou recuperar as armas, e sim sacrificar um bode expiatório no altar da imprensa, para que o assunto fosse dado como resolvido e esquecido antes das eleições.

O numero de armas subtraída divulgado para a imprensa foi mentiroso, como a imprensa descobriu recentemente

O comissário aposentado JOSEMAR ALVES DOS SANTOS desde o início das investigações alertou seus superiores sobre o real numero de armas furtadas, e foi acusado levianamente de ter adulterado as planilhas.

Ora, se o número que o comissário apresentou é três vezes maior do que o número que a policia apresentou a imprensa, cui bono ? (a quem beneficia)

A policia afirma que Josemar suprimia registros na lista das armas. Como, então, Josemar teria chegado ao número de mil armas desaparecidas e a policia divulgou para a imprensa 328?

Recentemente, foi escancarada a mentira da Policia Civil: enquanto fizeram uma coletiva de imprensa divulgando o numero de 328 armas, mandaram um oficio para a Policia Federal dando como furtadas as mesmas mil armas que Josemar informou a chefia.

A verdade é que Josemar está preso como retaliação por não ter concordado com a farsa que os seus superiores montaram e foram agora descobertos. Josemar é inocente. Está preso a um ano sem ter sido ouvido pela Justiça. A defesa e a família esperam que a justiça seja feita e o comissário, absolvido.

Drª Maiara Santos

Advogada