Da Folha de PE

A carga econômica da Síndrome Congênita do Zika para o Brasil, ao longo de dez anos, foi estimada em quase R$ 800 milhões. Os números são resultantes da pesquisa Impactos Sociais e Econômicos da Infecção pelo Zika Vírus no Brasil, apresentada nesta sexta-feira (30), no auditório da Fiocruz na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife.

Os dados coletados são de Pernambuco, epicentro da epidemia, e do Rio de Janeiro, estado que registrou menos prevalência da doença. O levantamento teve uma abordagem qualitativa, onde foram feitas 147 entrevistas divididas entre as duas cidades, e outra abordagem quantitativa quando foram ouvidas 487 pessoas.

Entre outros números, foram levados em conta gastos do governo com saúde e assistência, além do custo das famílias. Na comparação de crianças com a síndrome e sem ela, as primeiras tiveram em um ano, 422% a mais de consultas médicas e 1212% de consultas com outros profissionais de saúde./>

E em se tratando do custo para o Sistema Único de Saúde (SUS), a coleta levou em conta consultas, exames e internações e coletas de dados das famílias, após o diagnóstico da síndrome, apontaram que a mãe dos pequenos foi a principal cuidadora, representando 95% dos casos e pelo menos metade das famílias tinham renda entre um e três salários mínimos.

“A epidemia, claramente, teve vários impactos. Um grande foi na rede de saúde que não estava preparada para um problema dessa magnitude e dessa transcendência. Como nenhuma rede de saúde no mundo estaria preparada. Eu acho que o estado de Pernambuco tentou dar algumas respostas, mas ainda é insuficiente”, disse uma das coordenadoras do levantamento, Tereza Maciel, que é pesquisadora da Fiocruz/PE.

Outro ponto destacado por Tereza é a necessidade de se repensar a logística dos locais de atendimento a esse meninos e meninas, visto que as mães e filhos têm perdido muito tempo nos deslocamentos até consultas e terapias, o que traz ainda mais sofrimento no dia a dia dessas famílias.