Foto: Mohammed Abed/AFP
Por Folha de Pernambuco
O sistema de saúde na Faixa de Gaza está “de joelhos”, alertou nesta sexta-feira (10) o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) perante o Conselho de Segurança da ONU, monitorando que metade dos 36 hospitais no território não funciona .
“Corredores de hospitais lotados de feridos, doentes e moribundos, necrotérios transbordando, consultórios sem anestesia, quantidades de milhares de pessoas refugiadas nos hospitais”, descreveu Tedros Adhanom Ghebreyesus, que também relatou “mais de 250 ataques” a instalações de saúde em Gaza e na Cisjordânia.
Ghebreyesus também citou 25 ataques contra estabelecimentos sanitários em Israel desde o início da guerra em 7 de outubro, após o ataque sem precedentes lançado pelo Hamas em Israel.
“A melhor maneira de apoiar esses trabalhadores da saúde e as pessoas que eles atendem é dar a eles os meios que precisam: medicamentos, equipamento médico e combustível para os geradores dos hospitais”, acrescentou.
O diretor da OMS também pediu um aumento da ajuda humanitária que chega através do posto de Rafah, fronteiriço com o Egito, e reforçou os apelos das autoridades da ONU por um “cessar-fogo”.
“Entendo pelo que estão passando as crianças de Gaza, porque eu passei pela mesma coisa quando era criança”, lembrou Ghebreyesus, natural do Tigré, na Etiópia.
“O som dos tiros e projetos assoviando pelo ar, o cheiro da fumaça depois do impacto, os traçados das balas à noite, o medo, o sofrimento”, descreveu, ao mesmo tempo em que denunciou os ataques “bárbaros” de 7 de outubro e pediu a libertação dos reféns que o Hamas sequestrou em Israel.
Num momento em que o Conselho de Segurança, profundamente neste assunto, é incapaz de falar em uníssono, o diretor da OMS solicitou também uma reforma do Órgão da ONU.
“Há muito tempo eu acredito que o Conselho de Segurança já não cumpre a função para a qual foi criado”, indicou, referindo-se à manutenção da “paz e segurança” no mundo.
No início da reunião, o Conselho de Segurança observou um minuto de silêncio pelas vítimas dos ataques do Hamas contra Israel (1.200, segundo Israel), os civis mortos nos bombardeios de Gaza (mais de 11 mil, segundo o Ministério da Saúde do Hamas) e os jornalistas e pessoais da ONU que perderam suas vidas no conflito.