ST vivenciou uma das campanhas mais imorais; saiba motivo

Por Paulo César Gomes, professor, bacharel em Direito, historiador e escritor serra-talhadense

Serra Talhada vivenciou, certamente, uma das campanhas políticas mais imorais, já registradas da sua história, com vídeos e áudios.

Afirmo isso, porque, existem comentários que teve candidato que comprou voto por até 2 mil reais.

Agora fica a pergunta: Esse vereador vai trabalhar para prestar serviço a cidade ou reembolsar o investimento feito?

O histórico de fraudes eleitorais e compra de votos em Serra Talhada é longo. Em 1946, o jornalista e governador eleito, Barbosa Lima Sobrino, teve que esperar, por quase nove meses, para assumir o cargo, isso por que, as urnas de Serra Talhada, estavam com suspeita de fraude.

É, nos influenciou negativamente, no processo político do estado. Nos anos 1970 e 1980, o candidato serviu almoço aos eleitores como forma de aliciamento.

Nos anos 1990, era doação de camisa, carrada de areia, milheiros de tijolos e telhas, sacos de cimentos, sendo que em 1996, vivemos o maior escárnio desse processo.

No sábado, véspera da eleição, o então deputado Inocêncio Oliveira, comandou a maior compra de votos da história em uma concessionária.

Durante horas, foram distribuidos aos eleitores, um kit, com uma camisa azul e pão com 20 reais -hoje um valor aproximado de R$ 100. No domingo, a cidade amanheceu azulada.

Resultado, Tião Oliveira foi eleito com uma diferença para o seu terceiro mandato, o pior de todos.

O imoral da história é que o Juiz Clovis Silva Mendes, já falecido, foi informado e escutou vários apelos para que fosse até a concessionária, dar flagrante no crime eleitoral. Ele simplesmente sentou-se na sua confortável cadeira e deixou a corrupção dominar Serra Talhada.

Dois anos depois, em 1998, na eleição para deputado federal, a mesma tática foi feita, tendo como gerenciadora, a esposa de Inocêncio Oliveira.

No entanto, naquele ano, trabalhava em Serra Talhada, uma promotora, Dra. Aurea, uma mulher de baixa estatura mas, uma gingante na busca de fazer justiça, como própria profissão é definida em latim “aquele que promove a justiça.”

Dra. Aurea foi até a concessionaria de carros e deu voz de prisão a esposa de Inocêncio, que foi conduzida ao Fórum local. Parte dessa história, foi presenciada e registrada pelo jornalista Giovanni Sá.

Como era de esperar, o processo judicial não andou e a Dra. Aurea acabou sendo transferida para outra comarca.

Nos anos 2020, ganhou força a doação de cestas básicas. Em 2004, ocorreu o escândalo do arroz, que também não deu em nada. Assim foram se sucedendo os crimes eleitorais, sem que ninguém, absolutamente ninguém, tenha sido punido.

Sendo assim, eu posso afirmar: “Vender voto em Serra Talhada, elege candidato”.

Em se tratando do pleito de 06 de outubro do ano corrente, em que várias provas foram expostas sobre compra e ameaças publicas de votos de determinados candidatos.

Literalmente, “choveu dinheiro em Serra Talhada”, é um caso para os especialistas em meteorologia ou especial em perfuração de poço da Petrobrás expliquem esse fenômeno surreal.

No caso mais conhecido, o MPPE não se aprofundou nas investigações e simplesmente se ateve a jurisprudência já pacificado STF, de relatoria do Ministro Dias Toffili, de 30/04/2024, fixando a seguinte tese de repercussão geral:

“No processo eleitoral, é ilícita a prova colhida por meio de gravação ambiental clandestina, sem autorização judicial e com violação a privacidade e a intimidade dos interlocutores, ainda que realizada por um dos participantes, sem o conhecimento dos demais.

– A exceção à regra da ilicitude da gravação ambiental, feita sem o conhecimento de um dos interlocutores e sem autorização judicial, ocorre na hipótese de registro de fato ocorrido, em local público, desprovido de qualquer controle de acesso, pois, nesse caso, não há violação a intimidade ou quebra da expectativa de privacidade.”

O que acaba seguindo é o princípio da “teoria da árvore envenenada”, também conhecida como teoria dos frutos da árvore envenenada. É um princípio jurídico, que defende que todas as provas obtidas a partir de uma prova ilícita, são contaminadas e não podem ser utilizadas.

Porém, é importante destacar que a Polícia Civil, ainda investiga esse e outros casos. Esperamos que a PC verifique imagens da entrada de residências, de praças públicas. Solicite das operadoras, os horários de ligações dos diversos agentes, envolvidos nos casos conhecidos, para sincronizar os diálogos. Independente do resultado.

O que espera, é que essa não seja lembrada, como a mais imoral de todas as eleições. Por que se for assim, vou abrir uma poupança em 2028, vou montar uma barraca em frente a FAFOPST, com o seguinte letreiro “VENDE-SE VOTO”!

Mas antes, vamos organizar uma candidatura a deputado federal, para derrotar Fernando Monteiro. Tá na hora de dar um basta político a esse camarada.