Do Jornal O Globo

RIO e BRASÍLIA – A presença do presidente JairBolsonaro em um protesto em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, fez com que ministros do Supremo, parlamentares e governadores repudiassem  a sua participação. No ato, que foi transmitido ao vivo pelas redes sociais de Bolsonaro, os manifestantes fizeram demandas inconstitucionais, como o fechamento do Congresso e do STF e um novo AI-5, ato que marcou a fase mais violenta da ditadura militar. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que é preciso lutar contra o “vírus do autoritarismo”. O episódio causou mal-estar entre integrantes da ala militar do governo.

No ato, os manifestantes utilizaram cartazes e gritos de ordem para expressar demanda inconstitucionais, como uma intervenção militar, o fechamento do Congresso e do STF e um novo AI-5, ato que marcou o início da fase mais violenta da ditadura militar. Entre os principais pedidos estava também a retomada de atividades econômicas não-essenciais, interrompidas por prefeitos e governadores como forma de combater o avanço do novo coronavírus.

Segundo informações do blog do jornalista Gerson Camarotti, no G1, o episódio causou grande mal-estar entre integrantes da ala militar do governo. O blog da jornalista Andréia Sadi também noticiou que a cúpula militar do governo diz, nos bastidores, que não existe qualquer ameaça concreta à democracia porque as Forças Armadas rechaçam a ideia. Generais ouvidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo” dizem que Forças Armadas são instituições permanentes, que servem ao Estado brasileiro, e não ao governo.

O incômodo com o episódio ficou evidente em mensagens publicadas nas redes sociais pelos ministros do Supremo Marco Aurélio Mello e Luis Roberto Barroso, recém-eleito para presidir o Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Também se manifestaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os governadores João Doria (SP), Wilson Witzel (RJ), Flávio Dino (MA), Camilo Santa (CE) e Rui Costa (BA). Além desses, outros governadores assinaram uma carta em defesa do Congresso e contrária às manifestações recentes de Bolsonaro.