Do Estadão

Apontado como líder do grupo que vendeu os apartamentos que caíram na comunidade da Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro, em 12 de abril, José Bezerra de Lira foi preso nesta quarta-feira, 18, em um sítio em Afogados da Ingazeira, no sertão de Pernambuco.

Foragido desde maio, Zé do Rolo, como também é conhecido, estava com espingardas e munições e tentou resistir à prisão, mas o policiamento cercou a propriedade e conseguiu deter o suspeito.

Nesta quinta-feira, 19, o homem passou por audiência de custódia por causa do flagrante de porte ilegal de arma de fogo. À tarde, o suspeito será transferido para o Presídio Advogado Brito Alves, em Arcoverde, a 124 quilômetros de Afogados da Ingazeira.

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Zé do Rolo afirmou aos policiais que estava foragido por causa do medo da milícia na capital fluminense, onde os dois prédios construídos em área de risco desabaram e causaram 24 mortes.

O comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, major Fabrício Vieira, disse Zé do Rolo realizou uma festa no sítio – a propriedade foi adquirida de um cunhado.

“A partir do momento em que ele começou a levar uma vida quase normal, passou a despertar a curiosidade da população e as informações chegaram mais rapidamente para nós”, explicou o major.

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Segundo o delegado Ubiratan Rocha, da Delegacia de Afogados da Ingazeira, o miliciano relatou ter deixado o Rio no mesmo dia do desabamento dos prédios na Muzema.

A Polícia Militar de Afogados da Ingazeira não informou quando Zé do Rolo será transferido para o Rio.

A delegada responsável pela investigação, Adriana Belém, disse que está trabalhando nos trâmites legais. Além de Lira, Rafael Gomes da Costa e Renato Siqueira Ribeiro, indiciados por homicídio com dolo eventual, tiveram prisão decretada pela Justiça em abril.

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Em maio, Costa se entregou no Rio e, em julho, a Polícia Civil prendeu Ribeiro em Nova Friburgo.

Além das 24 mortes, os três suspeitos devem ser investigados pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. A polícia afirma que os suspeitos assumiram a culpa pelas mortes ao vender os apartamentos em zona de risco.

A PM também investiga venda de imóvel pela mesma milícia em áreas do Nordeste, mas não adiantou informações.