Do Diario de Pernambuco

Foto: Arquivo pessoal

A milícia fundamentalista islâmica Talibã aguardava, até o fechamento desta edição, o posicionamento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre pedido para discursar em nome do Afeganistão na 26ª Assembleia Geral. O governo da Alemanha manifestou sua oposição à presença talibã na arena da diplomacia internacional.

“Agendar um show nas Nações Unidas não serviria para nada”, declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas. “O importante são as ações concretas e não apenas palavras, inclusive sobre direitos humanos e, em particular, os direitos das mulheres e sobre um governo inclusivo e o distanciamento de grupos terroristas”, acrescentou.

Em entrevista exclusiva, por telefone, Mohammad Suhail Shaheen, embaixador do Emirado Islâmico do Afeganistão na Organização das Nações Unidas, afirmou que o mundo tem escutado apenas um lado da história sobre a situação afegã. “Nós gostaríamos que a comunidade internacional ouvisse nosso lado da história para que tenha um conhecimento adequado e a análise da conjuntura em nosso país”, disse.

Ele foi designado pelo Talibã para discursar em nome do Afeganistão. No entanto, o embaixador do governo deposto, Ghulai M. Isaczai, também deseja discursar na tribuna da Assembleia Geral da ONU.

“Explicar a nossa posição para o mundo é nosso direito. Aqueles que ostentam os direitos humanos e a liberdade de expressão não deveriam se tornar um obstáculo em nosso caminho para que nos manifestemos”, alertou Shaheen. “Esses países aceitariam se alguém tentasse privá-los do direito de explicar sua posição nas Nações Unidas?”, questionou.

Shaheen assegura que o Talibã deseja manter uma “relação positiva e construtiva” com o mundo. “Queremos manter uma coexistência pacífica e estabelecer uma cooperação com todas as nações baseada em interesses mútuos e no respeito”, explicou. Ao ser questionado se o novo regime do Afeganistão respeitará os direitos humanos e as convenções internacionais, o embaixador talibã na ONU disse que isso será feito “à luz da nossa lei e dos interesses nacionais”.

“Nós estamos comprometidos com todos os direitos básicos, tanto de homens quanto de mulheres, no que diz respeito à educação, ao trabalho e à liberdade de expressão”, garantiu.