Do Diario de Pernambuco 
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (31) “temer por problemas sociais gravíssimos no Brasil” caso ocorra o prolongamento de medidas de lockdown em meio à pandemia. No entanto, o país se encontra no pico da doença, com mais de 317 mil mortes e lenta vacinação. O mandatário lembrou visita realizada a Chaparral, em Taguatinga, no Distrito Federal, no meio do mês e alegou que servidores públicos continuam recebendo salário, enquanto trabalhadores autônomos tiveram renda drasticamente reduzida.
“Nós, servidores públicos, não interessa o Poder, nós temos todo mês depositados em nossas contas recursos, mas temos a maior parte da população, aí incluídos quase 40 milhões de autônomos, que perdeu quase tudo. Quando vou em uma comunidade, como fui há duas semanas em Taguatinga, Chaparral, não tenho surpresa. Fui a quatro residências, pedi para abrir as geladeiras, conversei com as pessoas. As geladeiras estão vazias. Conversei com manicures que tinham um ganho de R$ 3 mil por mês. Está zerado. Outros perderam o emprego. Muita gente na informalidade foi reduzido a zero o seu recurso”, completou.
Bolsonaro disse ainda não saber onde o país vai parar caso governadores e prefeitos não repensem a política de lockdown. “A fome está batendo cada vez mais forte na casa dessas pessoas que lacrimejam seus olhos quando veem que não têm o mínimo para dar a seus filhos. Eu temo por problemas sociais gravíssimos no Brasil”.
Ele reconheceu que o auxílio emergencial, que começará a ser pago no próximo dia 6, é pouco, mas que é um alento aos que nada têm. Bolsonaro destacou também que não adianta fugir e que é necessário enfrentar a realidade. “O auxílio emergencial é um alento, é pouco, inclusive, reconheço. Mas é o que a nação pode dispensar à população. Só temos um caminho: deixar o povo trabalhar. Eu sempre disse e fui muito criticado: os efeitos colaterais do combate à pandemia que ainda se aplicam no Brasil não podem ser mais danosos que o próprio vírus. Qualquer um pode contrair o vírus, qualquer um pode ir para uma situação complicada, mas a fome mata mais do que o próprio vírus. Temos que enfrentar a realidade, não adianta fugirmos do que está aí”.
“Fui eleito para correr riscos”
O chefe do Executivo disse que foi eleito para ‘correr riscos’. “Para mim, é muito fácil entrar na política do politicamente correto, isso não traz soluções para nós. Temos que ser fortes, acreditar em Deus, buscar a solução e enfrentarmos esse problema. Se a pobreza continuar avançando, nós não sabemos onde podemos parar. Qualquer chefe de Executivo, estaduais ou municipais, tem que decidir, e nós sabemos que pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Eu corro riscos, fui eleito para correr riscos”.
Por fim, relatou que não esperava que uma pandemia atingisse o país, mas que é preciso ter coragem. “Jamais qualquer um de nós poderia pensar que aconteceria essa pandemia. Mas, infelizmente, ela está aí. Vamos com coragem, com galhardia, com cuidados, com medidas protetivas, buscar a solução. E para terminar, o emprego, a volta do direito de homens e mulheres trabalharem no país é essencial. Peço a Deus que abençoe não só o Brasil, mas o mundo todo. Que nós consigamos o mais rápido possível uma solução para isso”, concluiu.