O teste feito pelo Instituto de Criminalística apontou a presença de DNA de Tássia Mirella Sena Araújo no sangue encontrado no apartamento de Edvan Luiz da Silva. DNA do suspeito também foi encontrado nas unhas dela. As informações do perito Diego Costa, do Instituto de Criminalística. O suspeito teria cedido saliva como material genético para realizar os testes.
Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (6), ao chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle, e a gerente geral da Polícia Científica, Sandra Santos, apresentaram mais detalhes que, segundo ambos, comprovam que Edvan é o autor do crime.
“Ela lutou, e lutou bastante”, afirma o delegado. Ele explica que o crime teve motivação sexual, mas que ainda não é possível confirmar que o ato sexual foi consumado. No entanto, essa confirmação é indiferente para a investigação. “Mesmo que o exame dê negativo, ele a matou porque queria ter relações com ela.”
Segundo Joselito, as roupas da vítima foram arrancadas à força, mais um indício que fortalece essa motivação. “O pijama dela estava com a calcinha e absorvente, que não é uma coisa que as mulheres fazem normalmente. Os moveis estavam em desalinho.” Fios de cabelo do empresário foram encontrados nas mãos de Mirella, o que é mais um indício.
Para a investigação, o fato de ele estar ou não sob efeito de entorpecentes é indiferente, pois há vários indícios que demonstram premeditação para executar o crime e para esconder a autoria. “Ele estava consciente”, disse o delegado. De acordo com ele, o suspeito aproveitou que sua esposa não estava em casa para abordar a vítima. Ele também teria lavado a camisa que usou durante o crime, e jogado a mesma pela janela. A faca que ele utilizou no crime, porém, ainda não foi encontrada.
“Ele cortou o pescoço dela quando ela pediu por socorro”, explicou Joselito, ratificando que ela lutou muito com o suspeito, que praticava artes marciais e era cerca de dez centímetros mais alto que ela. “Ele utilizou tanta força que quase arrancou a cabeça do corpo.” O delegado também conta que ela tentou segurar a faca da mão do agressor, e que o objeto do crime “gotejou da casa dela até a casa dele”.
A gerente geral da Polícia Científica, Sandra Santos, explica que os testes foram realizados com rapidez porque o caso era excepcional. A equipe teria recebido as amostras no fim da tarde da quarta-feira e os resultados já saíram um dia depois. “Num caso dessa natureza, trabalha-se à noite.”
O empresário Edvan foi autuado em flagrante pelo homicídio triplamente qualificado de Tássia, sua vizinha, e teve a prisão preventiva decretada na tarde desta quinta-feira. O crime aconteceu nessa quarta-feira (5), num flat do Golden Shopping Home Service, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Tássia Mirella, 29 anos, morava sozinha e foi morta por esgorjamento (corte na parte da frente do pescoço). Edvan nega a autoria do crime.
Entenda o caso
Edvan Luiz da Silva foi visto entrando no prédio às 6h50 desta quarta-feira (5), e cometeu o crime por volta das 7h. Em seguida, entrou no próprio apartamento. A porta do apartamento da vítima estava entreaberta, segundo o delegado. “Não encontramos sinais de gotejo de sangue em outras áreas do prédio. O único lugar era na porta do apartamento do suspeito. O crime foi premeditado”, revelou o investigador, que disse que a maçaneta estava manchada de sangue.
Após a constatação, a polícia bateu na porta do apartamento de Edvan, mas o homem não abriu e foi preciso chamar um chaveiro. O delegado explica que, ao entrar, se deparou com uma cena “patética”. “Depois de tantos gritos da polícia pedindo para a entrar, ele estava deitado, só de cueca, tapando o rosto, fingindo que não tinha ouvido”, revelou o investigador.
“Ele estava muito consciente do que estava fazendo, não demonstrou arrependimento. Temos a convicção de que foi ele. Não tem antecedentes, mas se mostrava frio. A faca ainda não foi achada”, comentou Francisco Océlio. O delegado informou que Edvan tentou se desvencilhar de tudo o que tivesse na cena do crime. “Temos uma camisa, com a foto dele, que estava encharcada de sangue e foi jogada pela janela”, informou Océlio.
O sepultamento de Mirella aconteceu nesta quinta-feira às 11h, no cemitério de Santo Amaro. na região Central do Recife. A mãe da vítima Suely Araújo, precisou ser amparada pelo marido. “Eu perdi a minha filha e eu não quero que aconteça isso com ninguém. Eu não sei o que fazer da minha vida. Deus não quer isso pra ninguém. Ele leva. Agora, matar, cortar e assassinar a minha filha? Eu quero justiça”, declarou, aos prantos.
Da Folha de PE