Do G1

Zilda Maria, tia de Lázaro Barbosa, contou ao G1 que o sobrinho dela ligou para a mãe dele, Eva Maria de Souza, dois dias após a chacina na cidade de Ceilândia, no Distrito Federal, e contou que não agiu sozinho.

Em entrevista ao G1, Zilda Maria informou que a irmã estava no ônibus, voltando para a cidade de Barra do Mendes, na Bahia, quando recebeu a ligação do filho. Durante a conversa, ele perguntou se a mãe estava bem e disse que não era ele que estava com a mulher.

“Ela falou que conversou com ele dois dias após o crime. Ele ligou para ela, ela já estava vindo para a Bahia, porque estava em Brasília”, contou Zilda Maria.

A ligação aconteceu dois dias depois de Lázaro matar um casal e os dois filhos deles em Ceilândia, no dia 9 de junho. As vítimas foram o empresário Cláudio Vidal, de 48 anos, Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15. Todos eles foram encontrados sem vida, na chácara da família, com marcas de tiros e facadas.

“Ela atendeu o telefone no ônibus, ficou nervosa, ele perguntou se ela estava bem e ela disse: ‘Como é que você me pergunta se eu estou bem? Depois de tudo que você fez, como é que é você me pergunta se eu estou bem? Cadê a mulher? O que que tu fez?’. Aí ela disse que ele falou assim: ‘Não foi eu sozinho e não sou eu que estou com a mulher’. Ela disse que a prosa foi essa aí”, disse a tia de Lázaro.

A esposa de Cláudio e mãe dos jovens, Cleonice Marques, de 43 anos, foi sequestrada pelo suspeito e encontrada morta três dias após o primeiro crime.

Segundo Zilda Maria, após a ligação para a mãe, Lázaro não entrou mais em contato com Eva e nem com ninguém da família.

‘O que eu mais quero é ele seja preso’

“O que eu mais quero é que ele seja preso, para ele esclarecer todas as verdades”, disse Eva Maria de Souza, mãe de Lázaro Barbosa, durante entrevista feita na cidade de Barra do Mendes ao BATV, programa da TV Bahia, na noite de quinta-feira (17).

Eva Maria de Souza chegou a afirmar que acredita que Lázaro Barbosa está sendo perturbado por um “demônio” e revelou que ela não o vê há dois anos.

“Eu acho assim, que é um demônio, um demônio que perturba ele. Tem mais de dois ano que eu não o vejo”, disse a mãe do suspeito.

Ele é procurado por mais de 200 agentes das polícias Militar, Civil e Federal e os primeiros crimes teriam sido cometidos há 13 anos, no distrito de Melancia, em Barra do Mendes, na Bahia. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) disse que um dos crimes foi denunciado ao órgão em 2008 e uma ação penal já transita na Justiça.

Segundo vizinhos da família de Lázaro Barbosa, o primeiro crime que teria sido cometido por ele ocorreu em novembro de 2008, quando Lázaro atirou em um homem que tentou evitar que ele cometesse um estupro. A vítima foi atingida no peito.

O lavrador José Carlos, conhecido como Carlito, escutou gritos de uma vizinha. E, chegando ao imóvel, tentou questionar o homem motivo da violência. De acordo com o irmão da vítima, Pedro Oliveira, Lázaro estava armado e atirou contra o vizinho.

“Ele [Lázaro] estava com uma espingarda na mão, só fez encostar a arma no peito dele [de Carlito] e disparou à queima-roupa. No momento que eu saí para chamar meu irmão e avisar a mãe, eu escutei o tiro. Era bem próximo. Saí correndo e ele tinha fugido. Só fiz pegar ele [Carlito], botar no carro e levei para o hospital, mas chegou lá quase sem vida”, disse o agricultor.

A vizinha Adriana, que sofreu a tentativa de estupro, está traumatizada com o caso desde que foi violentada.

O pai da mulher, José Sales, disse que ela fica apreensiva com a possibilidade de Lázaro retornar à Bahia.

“Ela me perguntou: Meu pai, será que esse homem ainda vai vir aqui pra Bahia? Eu estou aqui assombrada”, diz José sobre a preocupação da filha.

Chacina

Lázaro é procurado desde 9 de junho, após invadir a casa de uma família. Lá, ele matou o empresário Cláudio Vidal, de 48 anos, e os dois filhos dele, Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15. Os três foram encontrados com marcas de tiros e facadas.

A esposa de Cláudio e mãe dos jovens, Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, foi sequestrada e encontrada morta três dias depois, em um córrego da região.

Nos últimos dias, ele fez uma série de assaltos a chácaras no Entorno. Em um dos crimes, deixou três pessoas baleadas e, na terça-feira (15), um policial que atuava nas buscas foi atingido com um tiro de raspão no rosto.

O trabalho de buscas nas matas de Cocalzinho de Goiás entraram no 14º dia seguido nesta terça-feira, por volta de 8h. Os agentes passaram a contar com rádios comunicadores que têm um alcance de até 30km, além de helicópteros, cães e drones com visão noturna e térmica.

Na segunda-feira (21), uma moradora denunciou que viu um homem, parecido com o fugitivo, passar por uma propriedade rural. Segundo ela, ele estava mancando.

Policiais e bombeiros com cães farejadores acompanharam a mulher para fazer uma verificação na área.

Carro queimado

Policiais encontraram um carro queimado na manhã desta terça às margens de uma estrada de chão que dá acesso à Gruta dos Ecos, região onde acontece buscas por Lázaro.

O carro, um Corsa Classic, ficou totalmente destruído pelas chamas. Até as 14h50, ainda havia pequenos focos de fumaça no local.

A Polícia Técnico Científica fez uma perícia no veículo e no local, por cerca de uma hora, na tarde desta terça, a fim de descobrir se ele foi usado pelo fugitivo.

Cronologia da fuga

9 de junho : Lázaro invadiu uma chácara no Incra 9, em Ceilândia (DF), onde matou a tiros e a facadas um casal e dois filhos. Roubou a chácara após o assassinato da família. Ele teria rendido o caseiro, o dono da propriedade e a filha dele;
11 de junho de 2021: Lázaro fugiu para Cocalzinho de Goiás logo em seguida.
12 de junho de 2021: Ele atirou em quatro pessoas, invadiu fazendas e colocou fogo em uma casa ao fugir da polícia. Os feridos foram levados a hospitais da região, sendo que dois estavam em estado grave até sábado (19).
13 de junho (domingo): Furtou um carro e o abandonou na BR-070 após avistar uma barreira policial, dando sequência à fuga para uma mata.
14 de junho : Caseiro de Cocalzinho de Goiás disse à polícia que atirou em Lázaro Barbosa após ele falar que ia entrar na casa (veja o vídeo abaixo). Chacareiro relatou que ele fugiu depois de ser atingido. Lázaro foi filmado no curral de uma fazenda entre os distritos de Edelândia e Girassol. A polícia acredita que ele passou a noite no local. O caseiro diz que o homem pediu comida e em seguida fugiu para a mata;

15 de junho: Dois policiais militares de Goiás foram baleados durante buscas do suspeito. Delegado diz que Lázaro fez casal e adolescente reféns em Edelândia. Uma parente da família relatou os momentos de pânico;
16 de junho: Lázaro Barbosa foi visto por um morador em uma área rural.
17 de junho: a polícia retomou as buscas em matas da região e mudou a base de operação pela segunda vez. Houve nova troca de tiros e secretário de segurança pública acredita que ele esteja ferido;
18 de junho: durante buscas o secretário de segurança pública disse que acredita ter visto Lázaro. Segundo PRF, ele foi visto em um chiqueiro durante a tarde, mas fugiu novamente para vegetação;
19 de junho (sábado): a houve uma grande movimentação de policiais na região de Águas Lindas, depois que um morador afirmou ter visto Lázaro em uma gruta da região. No mesmo dia, a cadela que atuou nas buscas pelas vítimas da tragédia de Brumadinho chegou a Cocalzinho de Goiás;

20 de junho (domingo): as buscas por ele foram intensificadas por policiais civis, militares e federais. Foram usadas três aeronaves e cinco cães farejadores na caçada.
21 de junho (segunda-feira): Pela manhã uma moradora denunciou que viu um homem, parecido com o fugitivo, passar por uma propriedade rural. Policiais e bombeiros com cães farejadores acompanharam a mulher para fazer uma verificação na área. Militares de vários batalhões vasculharam casas rurais em busca de pistas e rastros que Lázaro possa ter deixado;
22 de junho (terça-feira): policiais retomam buscas por Lázaro e recebem rádios comunicados do Exército Brasileiro com alcance de 30km.