Do G1

Um representante de vendas morreu enquanto trabalhava em um supermercado da rede Carrefour no Recife, e teve o corpo coberto com guarda-sóis e cercado por caixas de papelão, engradados de cerveja e tapumes improvisados entre as gôndolas.

Ele atuava como representante de vendas de uma empresa de alimentos fornecedora e não era funcionário do Carrefour, mas estava no local a trabalho. Nesta quarta (19), a empresa disse não ter encontrado a forma correta de proteger o corpo do trabalhador (veja íntegra da nota abaixo).

Funcionários e clientes que estavam no supermercado disseram que o estabelecimento permaneceu funcionado normalmente. O Carrefour identificou o homem como Moisés Santos e disse, em nota, que a causa da morte foi infarto. A esposa do promotor, no entanto, afirmou que o nome dele era Manoel Moisés Cavalcante.

O caso aconteceu na sexta-feira (14), no bairro da Torre, na Zona Oeste da capital pernambucana, mas ganhou repercussão nesta terça-feira (18), após internautas reagirem com indignação nas redes sociais.

“O homem tinha 53 anos e trabalhava como representante de uma empresa de alimentos. Ele morreu, parece que de um mal súbito, e o corpo ficou lá das 7h30 até as 11h. Ficaram esperando a chegada do IML [Instituto de Medicina Legal] “, afirmou Renato Barbosa, que também é representante comercial, mas de outra empresa, e estava no local, em entrevista ao G1.

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Segundo Barbosa, o supermercado estava cheio no momento em que o cadáver ficou coberto e isolado no corredor. “Dava para ver o corpo e as pessoas comentaram”, contou. A área onde ficou o corpo também foi isolada por uma fita amarela e preta.

De acordo com a família, o promotor prestava serviço para a empresa Coco do Vale. Procurado pelo G1, o diretor comercial da empresa, Carlos Viegas, informou que Moisés era subcontratado por meio de outra empresa, mas que a companhia lamenta o ocorrido.

‘Sentimento horrível’, diz esposa de trabalhador
A esposa do funcionário, Odeliva Cavalcante, afirmou ter recebido, por volta das 8h da sexta (14), a notícia da morte do marido, com quem foi casada por 29 anos. “Eu estava no ônibus quando me ligaram, dizendo que ele tinha tido um ataque e tinha falecido”, contou.

Ao chegar à loja, a professora foi levada à administração, onde esperou a retirada do corpo e disse ter recebido palavras de conforto da supervisora do marido. Segundo ela, o recolhimento pela funerária ocorreu por volta das 11h30, com saída pelo depósito. Desde a morte até a retirada do corpo, a loja ficou aberta.

“Eu fiquei indignada. O ser humano não vale nada, as pessoas só se importam com o dinheiro. Acho que era uma questão de respeito. Seria muita coisa se eles tivessem baixado as portas, mas no momento, não pensaram no ser humano, só pensaram no dinheiro. É um sentimento horrível”, disse.
Segundo Odeliva, o promotor de vendas tinha 59 anos e não tinha registro de problemas cardíacos. “Ele fez exames em março e estava tudo bem”, contou. Moisés Cavalcante foi sepultado no sábado (15), no cemitério Vale da Saudade, em Igarassu, no Grande Recife.

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Em resposta aos comentários feitos pela internet, o Carrefour publicou três notas nas redes sociais. Na primeira delas, a empresa lamentou o que aconteceu na loja.

O Carrefour também disse que a equipe de prevenção e riscos acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), assim que o prestador de serviços começou a passar mal, e “seguiu todos os protocolos durante o socorro e após o falecimento”.

A empresa também disse que segue “prestando toda assistência necessária para a família, neste momento tão difícil”.

Na segunda nota, a empresa afirmou que “os protocolos para que as lojas sejam fechadas quando fatalidades como essa aconteçam já foram alterados”.

O Carrefour disse, na terceira nota, que “o inesperado falecimento de Moisés Santos, vítima de um infarto, foi muito triste para nós”.

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Nesta quarta-feira, o Carrefour enviou uma outra nota ao G1 dizendo ter errado ao não ter fechado a loja imediatamente após o ocorrido. Leia a íntegra:

“O Carrefour pede desculpas em relação à forma inadequada que tratou o triste e inesperado falecimento do Sr. Moisés Santos, vítima de um ataque cardíaco, na loja de Recife (PE). A empresa errou ao não fechar a loja imediatamente após o ocorrido à espera do serviço funerário, bem como não encontrou a forma correta de proteger o corpo do Sr. Moisés.

Reforçamos que, assim que o promotor de vendas começou a passar mal, fizemos os primeiros socorros e acionamos o SAMU, seguindo todos os protocolos para realizar o socorro rapidamente. Após o falecimento, seguimos a orientação de não retirar o corpo do local.

O Carrefour também reitera que mudou as orientações aos colaboradores para situações raras como essa – incluindo a obrigatoriedade do fechamento da loja -, com objetivo de trazer mais sensibilidade e respeito ao conduzir fatalidades. Pedimos desculpas à família do Sr. Moisés e seguimos em contato para apoiá-los no que for necessário.”