Do Diario de PE

“Uma tevê para todos, mas pensada por nós”. O lema do canal Tela Preta TV apresenta uma ideia simples, mas extremamente representativa: a produção de conteúdos de entretenimento profissional criada, produzida e apresentada 100% por negros.
O canal do streaming estreou na última terça-feira. Mariana Oliveira, uma das idealizadoras e diretora-geral do projeto, classifica o canal Tela Preta como uma nova narrativa para o entretenimento na internet.
“O Tela Preta é o nosso grito de independência, porque a revolução não vai ser feita do lado de lá, a gente tem de ter o nosso grito.
A gente consome muita coisa do YouTube e já via que existiam coisas desse tipo lá fora, como o da criadora Issa Rae, e decidimos fazer aqui”, explica Mariana.
“Se a gente (a população negra) não criar o nosso próprio trabalho, ninguém vai  nos dar trabalho”, completa.
A ideia do projeto nasceu de uma forma despretensiosa. Mariana explica que conheceu os colegas nos bastidores do teatro, já que são atores, e a ideia de uma produção negra surgiu em conjunto e floresceu com a ajuda dos parceiros:
“Os seis apresentadores são atores, e a gente se conheceu fazendo teatro. Tínhamos essa mesma inquietação e só juntamos as ideias e todas as pessoas que trabalharam com a gente são conhecidas, tem bastante amigos”.
A realização da produção se divide em dois núcleos principais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O primeiro episódio do projeto já está no ar.
Rolezinho: Mistura Angola e Brasil apresentou o casamento de um angolano e uma brasileira e deixou claro o tom da programação do canal: bem jovem, informal e urbano.
Até o fim do ano outros quatro programas estarão no canal do projeto tratando sobre “empreendedorismo, moda, cinema e eventos, isso sempre com a participação de personalidades pretas”, como aponta Mariana. Gostou da ideia? Você pode acompanhar no link Youtube.com/telapretatv.
Proposta e crescimento

De acordo com a diretora-geral do projeto, a principal proposta do Tela Preta TV é mudar a linha narrativa e de representação que existe na mídia em relação à população negra, que por vezes fica longe do entretenimento: “A principal proposta é oferecer conteúdo e entretenimento ao nosso povo feito por pessoas pretas, fugindo só da política e questão racial, mas usar de outras vertentes como informação, e, principalmente, entretenimento”.

“A gente está nas redes há uma semana. É pouco tempo, mas no Instagram, já temos 3 mil seguidores, no YouTube mais de mil se inscreveram e isso indica que o projeto tá tendo uma boa receptividade, está sendo muito especial”, constata Mariana, sobre o feedback positivo da população, mesmo com o pouco tempo de vida do projeto.
Mariana defende que a internet, as redes sociais e as plataformas de streaming levaram à população soluções mais independentes em relação à produção de conteúdo da televisão aberta nacional, possibilitando aos indivíduos buscarem expressões próprias.
Para os próximos passos, a diretora-geral do projeto defende que a ordem é ampliar e especificar a produção do Tela Preta: “A gente planeja ter mais programas em vários âmbitos diferentes, como humor, beleza, infantil, e a gente não quer só falar de filmes, mas também fazer filmes”.
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