Do RFI

 

Depois de cova coletiva e centenas de sepulturas descobertas em Izium, no leste da Ucrânia, dez “salas de tortura” foram encontradas em outras localidades da região de Kharkiv, recentemente retomada dos russos. O chefe da polícia nacional ucraniana, Igor Klymenko, informou nesta sexta-feira (16) sobre as câmaras descobertas no local.

“Até agora, posso falar em pelo menos dez câmaras de tortura (descobertas) em localidades da região de Kharkiv”, incluindo duas no vilarejo de Balaklia, disse ele, citado pela agência Interfax da Ucrânia.

Depois que o governo da Ucrânia anunciou a descoberta de 450 sepulturas perto de Izium, em áreas reconquistadas das forças russas ao leste do país, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) indicou o desejo de enviar uma equipe ao local “em breve” para “determinar as circunstâncias das mortes dessas pessoas”.

A ONU também já foi informada pelo chefe da polícia ucraniana sobre “salas de tortura” em localidades recuperadas dos russos na região de Kharkiv. Seriam pelo menos seis em Izium e duas em Balaklia, de acordo com Klymenko. Segundo ele, corpos de cerca de 50 civis foram encontrados esta semana nessa região, após a debandada dos soldados russos em direção ao sul do território.

As autoridades ucranianas começaram nesta sexta-feira a exumação dos corpos depositados nas sepulturas encontradas perto da cidade de Izium. Pelo menos um corpo tinha as mãos amarradas com uma corda, observou um jornalista da AFP. Não foi possível determinar imediatamente se era um civil ou um soldado, pois o corpo estava em condições bastante degradadas, segundo o jornalista da AFP.

Só um exame detalhado poderá esclarecer as causas das mortes. No Twitter, o conselheiro da presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, referiu-se às centenas de sepulturas encontradas como “enterros em larga escala”.

De acordo com Oleg Kotenko, funcionário do governo para a busca de pessoas desaparecidas, essas sepulturas foram cavadas durante os combates, quando a cidade foi tomada pelas forças russas, em março, e durante a ocupação, que terminou na semana passada. Algumas sepulturas podem conter vários corpos.

Ao longo do conflito, as forças russas foram acusadas de vários abusos em áreas sob seu controle. Corpos de civis executados foram descobertos em Butcha, um subúrbio de Kiev, após a retirada dos invasores, no final de março. Moscou nega ter cometido essas atrocidades.

Bombardeios continuam

Os combates entre forças russas e ucranianas continuam, nesta sexta-feira, em todas as direções.

Em Kryvyi Rig, no centro da Ucrânia, jornalistas da AFP ouviram uma explosão. As autoridades locais anunciaram um novo ataque contra as infraestruturas hidráulicas da cidade. Nos últimos dias, bombardeios russos causaram inundações.

Já na frente sul, onde as forças ucranianas encontram mais resistência do que em Kharkiv, a “situação continua difícil”, mas as forças ucranianas seguem bombardeando pontes utilizadas pelo Exército russo.

Após a invasão lançada em 24 de fevereiro, o Ocidente impôs uma série de sanções contra a Rússia e forneceu armas para Kiev.

Em visita à capital na quinta-feira (15), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu que a UE apoiará a Ucrânia “o tempo que for necessário”. Ao ser questionada na televisão se o presidente russo, Vladimir Putin, deveria comparecer perante a Justiça internacional, ela defendeu que ele deve responder por seus atos.

Procurador é morto em região separatista 

O procurador-geral da região separatista pró-Rússia de Lugansk, no leste da Ucrânia, morreu em uma explosão, nesta sexta-feira. Sergei Gorenko estava em seu local de trabalho, anunciaram as autoridades, que denunciaram um “ato terrorista”.

“Hoje, como resultado de um ato terrorista, o procurador-geral de (Lugansk) Sergei Gorenko e sua vice Yekaterina Steglenko foram mortos”, afirmou o líder pró-russo desta região separatista, Leonid Passechnik, no Telegram.

Autoridades pró-Rússia ainda relataram outros ataques contra pessoas que ocupam cargos na administração das áreas ocupadas, no sul da Ucrânia.

(Com informações da AFP)