Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 06h22 deste domingo (14)

A Concha Acústica, palco das mais diversas manifestações culturais da cidade, se tornou o berço do bloco carnavalesco “Tô na Concha”, que criou  uma nova tradição na cidade. Surgiu em 2010 quando amigos se reuniram para tomar uma cervejinha em um domingo quente de carnaval no marco zero da Capital do Xaxado, em frente a Igreja do Rosário, cercado de aconchego e alegria.

O artista plástico Paulo Rodrigues, o saudoso Parosi, falecido ano passado, foi o fundador do “Tô na Concha”, juntamente com Netinha, sua esposa. Eles criaram o estandarte do Tô na Concha em votação com os amigos, definiram o nome da agremiação e todos os anos faziam toda a decoração da praça. O domingo de Carnaval era o dia em que o bloco ganhava as ruas. Netinha relembrou um pouco dessa vivência ao aceitar conversar com o Farol sobre os carnavais do Tô na Concha.

FAROL DOCUMENTA – BLOCO TÔ NA CONCHA VEJA O VÍDEO 

“Parosi gostava muito de brincar o carnaval do frevo, das marchinhas, o mais tradicional e ele patrocinava a turma para ter a brincadeira, o patrocínio era só para bebida e ficar por ali. Em 2010 a gente já viu a necessidade de fazer algo maior e ele como sempre, com os recursos próprios fazia da mesma forma e a cada ano foi vindo mais gente”, explicou Netinha.

Em parceira com integrantes da Filarmônica, a orquestra tocava frevo, as pessoas brincavam, o chuveiro era concorrido e fazendo sol ou chuva, os domingos de carnavais eram memoráveis. Cada ano mais gente participava, até que em 2013 foi feito um abadá para ajudar nas despesas e a dimensão foi tamanha que surpreendeu os integrantes. Em 2014 a prefeitura se tornou parceira do bloco, dando incentivo para que a festa continuasse.

O ÚLTIMO ANO 

Em 2019 foi o último ano que Netinha e Paulo Rodrigues promoveram o Tô na Concha. Em 2020 Parosi já estava doente e com isso preferiu se resguardar, infelizmente em outubro do mesmo ano ele não resistiu, mas se tornou imortal diante de tudo que fez com sua arte e seu espírito folião. Sua esposa afirma que “ele tinha a vontade de que o bloco não acabasse”.

Foram 10 anos fazendo carnaval com muito amor, um bloco com músicas tradicionais, orquestra e folia. “Aqui sempre foi um espaço que dá para você fazer o que você quiser em termos de cultura, de tradição e a gente só lamenta por ele não estar mais aqui para realizar, esse ano não seria possível por conta da pandemia, mas fica registrado aqui o carinho que ele tinha”, lamentou Netinha com lágrimas de saudade e amor.

UM LEGADO QUE CONTINUA 

Mas o que todos querem saber é se o legado de Parosi vai continuar, e é a resposta é que SIM! Algo feito com tanto amor e dedicação criou vida e vai transbordar assim que possível. Netinha fala dos seus planos.

“Vamos torcer que essa vacina chegue para todos, eu tenho um projeto que ainda é recente, que é fazer do ateliê um espaço para que a memória dele não se acabe e eu não tenho dúvidas que o bloco fará parte sim disso, vamos ver como as coisas vão funcionar, é uma nova era, é uma nova administração a gente vai ver como as coisas ficam, mas o meu intuito é que o bloco volte sim”, ressaltou Netinha que ainda completou:

“Têm muitos pedidos das pessoas que sempre vieram para cá para festejar, prestigiar e brincar. Não tenho dúvida que ele será eternizado ainda que seja para fazer uma homenagem a Paulo Rodrigues. Espero que eu esteja bem, que dê tudo certo. Eu pretendo não deixar o legado dele acabar, não só como o artista plástico Parosi e mas também como o folião que ele era”.

2021 E PANDEMIA

2021 tem sido um ano de muito saudosismo e de muita esperança. Uma pandemia se instalou no mundo e parou o  Brasil após o carnaval de 2020, esse ano não foi possível foliar, mas as memórias estão guardadas, perdemos muitos foliões devido a Covid-19, perdemos o folião que criou o bloco serra-talhadense “Tô na Concha”, mas não perdemos a vontade de que tudo isso passe para que ano que vem a Concha Acústica esteja com a orquestra, frevo, marchinhas, a troça, foliões, brincadeiras e homenagens a Parosi.

Parosi e Netinha no domingo de carnaval de 2019