Do Diario de Pernambuco 

O número de crianças migrantes que tentaram chegar nos Estados Unidos em 2021 se multiplicou por nove no México, onde os abrigos para cuidar desses menores estão lotados, alertou nesta segunda-feira (19) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

“É de partir o coração ver o sofrimento de tantas crianças, incluindo bebês, na fronteira mexicana com os Estados Unidos”, declarou Jean Gough, diretor regional do Unicef para a América Latina e o Caribe, com sede no Panamá.
“A maioria dos centros de acolhimento que visitei no México já estão saturados e não podem acomodar o número crescente de crianças, adolescentes e famílias que migram para o norte”, acrescentou Gough em comunicado divulgado após concluir uma visita de cinco dias ao país.
De acordo com o Unicef, o número de crianças e adolescentes migrantes reportados no México aumentou consideravelmente este ano, passando de 380 para quase 3.500.
As autoridades mexicanas detectam a cada dia uma média de 275 migrantes a mais. Eles esperam para entrar nos Estados Unidos ou acabaram de ser devolvidos, informou o Unicef.
“Estamos profundamente preocupados que as condições de vida de crianças, adolescentes e mães migrantes no México possam se deteriorar ainda mais”, disse Gough.
O Unicef ressaltou que em muitos abrigos mexicanos, os menores, que vêm em sua maioria de Honduras, Guatemala, El Salvador e México, representam pelo menos 30% dos migrantes, o maior percentual já registrado.
O órgão da ONU também alertou que os traficantes de seres humanos “exploram descaradamente” o desespero das famílias que procuram escapar da violência das gangues, da pobreza, da violência doméstica, dos efeitos das mudanças climáticas e do desemprego causado pela pandemia.
De acordo com o comunicado, famílias de migrantes em Ciudad Juárez e Tijuana denunciaram violações de direitos humanos durante a viagem, como extorsão, abuso sexual, sequestro e tráfico de pessoas.
“As famílias centro-americanas não estão emigrando, estão fugindo” de seus países de origem, disse Gough. “Então, por que voltariam? Frequentemente, não há nada que eles possam fazer”, acrescentou.
Para aliviar a situação, o Unicef pediu uma rápida expansão das instalações de recepção no México e pediu investimentos nas comunidades mais pobres do México e da América Central para melhorar as condições de vida de seus habitantes e, assim, prevenir a migração irregular.
Além disso, solicitou “com urgência” 23 milhões de dólares para proporcionar aos grupos mais vulneráveis do México acesso a educação de qualidade e serviços básicos.