Após quase dois meses de testes do vagão feminino no metrô do Grande Recife, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) decidiu ampliar a implantação dos espaços dedicados exclusivamente a mulheres em toda a malha viária. De acordo com o órgão, ainda não há prazo para o início ou fim da expansão, mas os vagões exclusivos deverão ser gradativamente implantados nos 34 trens que percorrem o Recife, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes.

Na prática, os vagões femininos são disponíveis apenas para mulheres nos horários de pico da malha metroviária, das 6h às 8h30 e das 16h30 às 19h30. Diariamente, 400 mil pessoas utilizam o sistema de metrô.

De acordo com o superintendente do metrô do Recife, Leonardo Villar Beltrão, o vagão rosa foi uma ideia das próprias usuárias, que com frequência denunciam violência e assédio nas estações e vagões do metrô, e do Ministro das Cidades Bruno Araújo, que visitou a sede da CBTU em outubro do ano passado.

Segundo ele, outras cidades já haviam adotado a medida, que deu certo e, por isso, foi decidido adotar no Recife para avaliar a repercussão dos passageiros. Durante as paradas nas estações, o vagão, com capacidade para até 200 mulheres, contou com cinco seguranças para impedir a entrada de homens, sendo quatro em cada uma das entradas e um na divisória do vagão misto.

Polêmica

O início da operação do vagão rosa dividiu opiniões entre as usuárias do transposte público do Recife. Para Maria Dolores Fastoso, integrante da coordenação do Fórum de Mulheres de Pernambuco, a medida apenas segrega as mulheres e não tem eficácia. Segundo ela, as mulheres não precisam de exclusividade no metrô, já que é preciso transitar com segurança em todos os espaços púbicos.

A opinião é compartilhada pelas secretárias da Mulher do Recife e de Pérnambuco, Cida Pedrosa e Silvia Cordeiro. Para elas, a medida pode até satisfazer num primeiro momento, mas não resolve o problema a longo prazo. Segundo elas, a medida não resolve o problema da insegurança, já que há outros fatores a serem ajustados na política do transporte público e a medida é importante quando alinhada à política estruturada de proteção às mulheres.

 Violência

A da hora, ao menos cinco mulheres são alvo de alguma forma de agressão, em Pernambuco. Os dados foram contabilizados pela Secretaria da Mulher e dizem respeito a todo o ano de 2016, quando foram registrados 50.042 casos. Isso significa que, a cada 12 minutos, em média, uma mulher sofre algum tipo de violência nos 184 municípios de Pernambuco. Além disso, nos 12 meses do ano passado, foi registrada uma média de ao menos cinco estupros por dia, com 1.825 um total de denúncias desse tipo de crime.

Em dezembro de 2016, uma mulher de 39 anos foi baleada na cabeça após um passageiro reagir a um assalto na Linha Sul do Metrô do Recife. Em setembro do mesmo ano, uma passageira denunciou ter sido seguida em uma estação e estuprada dentro do metrô, na Zona Oeste do Recife. O suspeito chegou a ser detido por seguranças do metrô, mas foi liberado após ser ouvido pela polícia.

Do G1 Caruaru