Bruna Faria morreu após fazer exame e família suspeita de choque anafilático, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

Por G1

 

A professora de educação física Jane Alves de Souza, mãe da psicóloga Bruna Nunes de Faria, denuncia a falta de preparo para o socorro da filha, que morreu após passar mal durante um exame de ressonância magnética numa clínica de Goiânia. Um vídeo mostra socorristas e paramédicos tentando reanimar a jovem de 27 anos (veja abaixo).

“Na hora que aplicou o contraste, ela falou assim: ‘Estou passando mal’, e começou a tossir. Eles a tiraram rápido, no colo. Eu fui junto para esse quartinho com ela e falei ‘pelo amor de Deus, o que está acontecendo com a minha filha?’. E já veio uma moça e aplicou uma injeção nela e ela [Bruna] falou: ‘Estou sem ar’. Foi a última palavra que ela falou”, desabafou.

Segundo a mãe, não havia uma equipe médica pronta, treinada e nem equipamentos para reverter a situação.

“Se eles sabiam que existia essa possibilidade de reação ao contraste, tinha que ter todo o aparato para salvar ela. Tinha que ter um oxigênio. Tinha que ter uma maca preparada. Eles fizeram os primeiros socorros, mas a ambulância chegou em 20 minutos, ela já estava roxa”, disse a mãe.

Bruna fez o exame no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) Unidade II, que fica na Avenida Portugal, no Setor Marista. A defesa explicou, por meio de nota, nesta sexta-feira (23), que atualmente há dois grupos distintos operando sob o nome CDI. Um sob responsabilidade dos médicos Luiz Rassi Júnior e Colandy Nunes Dourado e outro sob a gerência dos médicos Ary Monteiro Daher e Adriana Maria Monteiro, sendo que o procedimento que a jovem realizou faz parte dos serviços prestados pela equipe chefiada por Ary e Adriana. Os grupos estão em fase final de separação judicial, que deve ser finalizada em janeiro, quando os prédios também devem ser separados de acordo com a administração (veja a explicação ao fim do texto).

 

Psicóloga Bruna Faria, de 27 anos, morreu após passar mal durante exame em clínica de Goiânia, Goiás — Foto: Jane Alves/Arquivo pessoal.

Morte de Bruna

A morte de Bruna foi na quarta-feira (21). A psicóloga teve dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) há quase 50 dias. Ela fez uma bateria de exames para descobrir a causa. Passou por cinco neurologistas e três cardiologistas. A mãe contou que a ressonância magnética do coração, em que ela passou mal, era o último exame que ela tinha que fazer. (VEJA O VÍDEO CLICANDO AQUI).

Há suspeita, segundo a mãe, que Bruna teve um choque anafilático, uma reação alérgica grave, durante o procedimento. Jane mostrou a última foto que tirou da filha minutos antes de a jovem morrer (veja acima).

“Vi minha filha morrer. Ela ficou com o corpo roxo. A última coisa que ela falou foi: “Estou sem ar”. E não falou mais nada”, contou Jane Alves.

A morte foi registrada na Polícia Civil para ser investigada, segundo o delegado Leonardo Sanches. A causa da morte será identificada por autópsia feita no Instituto Médico Legal (IML).

“Ela era maravilhosa, alegre, divertida. Tinha o sorriso encantador. Cheia de sonhos e projetos, amava a profissão que escolheu. Minha filha era muito vaidosa, gostava de ir a festas com amigos, gostava de viver o hoje como se fosse o último dia”, desabafou a mãe.

Bruna Faria nasceu em Bonfinópolis, onde foi velada e enterrada na quinta-feira (22). A jovem trabalhava como psicóloga da Prefeitura de Silvânia e fazia parte da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (Emad) da Secretaria Municipal de Saúde.

Nas redes sociais, a prefeitura de Silvânia lamentou a morte da servidora e decretou luto oficial no município por três dias, pela memória da servidora.

“É com profundo pesar que o Governo de Silvânia comunica a perda inesperada da nossa servidora. Lamentas a perda e no solidarizamos com a família neste momento”, diz a nota.

 

Nota do CDI gerido pelo médico Ary Monteiro

“Aguardaremos o resultado do laudo que vai determinar a causa da fatalidade, mas, desde já, nos solidarizamos com os familiares e amigos da paciente e seguimos à disposição para prestar toda a assistência necessária. Reforçamos que em nossos exames são adotados elevados padrões de segurança, com acreditação em grau máximo e procedimentos certificados pelas autoridades do setor, sempre buscando garantir o bem-estar e a saúde de nossos pacientes, valores que sempre fizeram parte da história da clínica”, diz a nota enviada pelo advogado do médico Ary Monteiro.

 

Nota do CDI gerido pelo médico Luiz Rassi Júnior

“As Clínicas CDI sob a coordenação do Dr. Luiz Rassi e Dra. Colandy Nunes Dourado, vêm a público esclarecer:

 

É com muita tristeza que recebemos a notícia da morte da jovem Bruna Nunes de Faria, paciente que realizava exame de ressonância magnética. Tal fato nos leva ao dever e obrigação de prestar esclarecimentos aos nossos clientes, corpo clínico, colaboradores, médicos e sociedade em geral.

Há dois grupos distintos operando sob o nome CDI. Um, o nosso – Dr. Luiz Rassi e Dra. Colandy Nunes Dourado -, com as Clínicas CDI Diagnósticos em Cardiologia; CDI Diagnósticos Angiotomográficos e Nuclear CDI. E, outro, sob a responsabilidade do Dr. Ary Monteiro Daher do Espírito Santo e Sra. Adriana Maria de Oliveira Guimarães Monteiro. Os grupos estão em fase final de separação judicial.

O processo judicial iniciado há mais de 02 anos, se deu em virtude de divergências de valores e princípios éticos no exercício da Medicina. As clínicas sempre funcionaram de forma separada, apesar de estarem localizadas no mesmo endereço, realizando exames distintos, com equipamentos distintos, médicos e colaboradores também distintos.

O exame da paciente Bruna Nunes de Faria, com fatídico e lamentável desfecho, foi realizado pela Clínica cujo responsável técnico é o Dr. Ary Monteiro Daher do Espírito Santo, que se chama Centro de Diagnóstico por Imagem PORTUGAL, o qual tem se identificado como CDI Radiologia.

Informamos também que o processo de separação dos imóveis está em curso, a fim de que a população em geral possa diferenciar ainda mais as Clínicas, ao buscar e escolher livremente atendimento para diagnósticos médicos.

Por fim, nos solidarizamos com a família e amigos de Bruna Nunes de Faria, lamentamos profundamente sua morte e esperamos que a causa do óbito seja esclarecida de forma rápida e efetiva, com apuração pelos órgãos competentes.”