Com informações do repórter Marcos Vinícius, do Farol
Um vídeo de uma agressão contra a mulher, gravado a partir do sistema de câmeras de segurança do Restaurante Catulé, no bairro Ipsep em Serra Talhada, acabou viralizando nas redes sociais.
Nas imagens, é possível ver a gerente do estabelecimento sendo agredida no rosto pelo cantor serra-talhadense, Wesley Gonçalves, após uma discussão no balcão do estabelecimento.
Em contato com a redação do Farol, Wesley disse que o fato ocorreu no último dia 19 e que reconhece que se excedeu. “Por essa atitude me desculpo”.
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Pedindo espaço ao Farol para dar a sua versão do caso, o músico afirmou que a vítima havia lhe atendido “com um tom irônico e desrespeitador me chamou de ladrão e utilizou de uma expressão racista contra minha pessoa”.
O Farol também escutou a vítima, Juliana, gerente do Catulé. Ela confirmou a violência e disse que o motivo foi que Wesley “pegou uma cerveja e saiu sem pagar, na mesma hora quando eu vi e têm as câmeras para provar que o proprietário Ercílio junto a mim olhamos o exato momento que ele pega e sai sem pagar”.
A pedido da vítima, não vamos publicar o vídeo, mas o relato dela na íntegra a nossa reportagem. Segue abaixo:
NOTA JULIANA, GERENTE CATULÉ
“Meu nome é Juliana, gerente do Catulé. Na quinta feira, às 22h23 horas fui agredida pelo cantor Dudu.
O motivo foi que o mesmo pegou uma cerveja e saiu sem pagar, na mesma hora quando eu vi e têm as câmeras para provar que o proprietário Ercílio junto a mim olhamos o exato momento que ele pega e sai sem pagar .
Após isso acontecer liguei para Ercílio Ferrari [proprietário do Catulé] explicando a situação já que o mesmo é quem contrata ele para cantar no estabelecimento.
Ercílio me pediu para mandar um áudio para o Dudu e mandei. Tenho o áudio aqui e esse áudio fui muito educada e sem grosseria, depois do áudio ele mandou também dois áudios bem alterado, que inclusive tive a sorte de salvar, porque ele apagou também tenho provas, no áudio ele fala que ia voltar lá pra resolver comigo e voltou.
Voltou gritando, voltou exaltado e eu só estava tentando explicar a ele que mandei o áudio a pedido de Ercílio e ele bem alterado bateu na minha cara como foi visto no vídeo.
Nesse momento pego meu celular para chamar a polícia e ligar para o Ercílio, depois da agressão o cantor ainda sentou no estabelecimento.
Ercílio chegou e eu falando que ia chamar a polícia e ele falou que não. Que eu não ia chamar para não manchar a imagem do Catulé.
Foi onde liguei para minha mãe ir me buscar. Porque ali vi que eu não ia ter apoio algum. Aí faço uma pergunta se Ercílio diz que me deu total apoio e suporte, porque ele não chamou a polícia?
Estranho, não?! Só prestei a queixa no dia seguinte daí então venho com crise de pânico, ansiedade, passando mal.
E no sábado minha mãe ligou para Ercílio e mandou mensagem querendo saber como ia ficar minha situação e o mesmo não respondeu e nem atendeu a ligação.
Por fim tudo está na mão da Justiça. Minha advogada já está entrando com as medidas cabíveis e de todo meu coração quero que todos pare para pensar e repensar se fosse com alguma mulher da família deles?
Deixo essa pergunta a eles [Ercílio e Wesley].
Agradeço o apoio de todas as mulheres que estão me apoiando e sobre o cantor Dudu que ligou para alguns familiares meu para pedir perdão, eu perdoo ele em nome de Jesus, mas que ele pague para nunca mais fazer com ninguém.
E quando colocar a cabeça no travesseiro, ele lembre que ele tem uma mulher, mãe que deu a luz a ele e que imagina se alguém fizesse alguma coisa com ela? A dor que ele ia sentir?
Pois é a dor que minha mãe está sentindo. E lembrando que a RH do Catulé entrou em contato comigo hoje, só hoje para dizer que estão a disposição para arcar com ajuda médica, psicológica e medicamentos”.
NOTA WESLEY CONÇALVES, CANTOR SERRA-TALHADENSE
“Na noite do dia 19 estive em um restaurante da cidade com alguns amigos, e depois de algum tempo esses amigos decidiram ir embora.
Assim, pagamos a conta, e já depois de pagar a conta, peguei uma cerveja pequena e que iria no carro fazer uma ligação que necessitava de silêncio e também deixar meu amigo em casa e que retornaria para mesa, e que se possível, em alguns minutos estaria de volta, tudo isso com a concordância e o conhecimento do garçom.
Enquanto estava fazendo a ligação, fui abordado dentro do carro pelo garçom onde o mesmo me informou que a gerente do estabelecimento havia exigido que a cerveja que havia pego fosse paga antes de retornar e abrir uma nova conta.
E assim foi feito. Após o pagamento integral da primeira conta e da cerveja, recebi uma mensagem de uma pessoa que se identificava como gerente do estabelecimento, e que dava a entender que eu havia pego a cerveja sem avisar ao garçom, o que não era verdade.
Com isso, retornei ao estabelecimento e me dirigi a ela para esclarecer o acontecido. Foi quando enquanto esclarecia o fato, ela com um tom irônico e desrespeitador me chamou de “ladrão” e utilizou de uma expressão racista contra minha pessoa.
Com essa conduta, de fato me exaltei e por essa atitude me desculpo antecipadamente. Não é fácil para qualquer cidadão ser erroneamente acusado de ter cometido um crime, e ouvir uma expressão humilhante em um ambiente que já fiz inúmeras apresentações e onde todos me conhecem a tempos.
Diante da repercussão e da tentativa de distorcer o acontecido, tomarei as devidas providências necessárias para a elucidação do fato. E que todo esse episódio está sendo tratado pelos meus advogados.”
O QUE DIZ O RESTAURANTE CATULÉ
“O restaurante Catulé vem, por meio desta, informar que repudia toda a forma de violência, principalmente a promovida em desfavor das mulheres.
E inaceitável que homens utilizem da sua força física para agredir, coibir, maltratar, intimidar, diminuir e/ou mostrar poder sobre as mulheres.
Infelizmente, violência contra a mulher não tem data e nem local para acontecer, mas não podemos normalizar e admitir que continuem ocorrendo, especialmente no ambiente de trabalho, que, in causo, ocorreu nas dependências do restaurante Catulé, local que sabiamente é seguro e que nunca existiu qualquer tipo de violência a nossas colaboradoras e/ou colaboradores.
Ao tomar conhecimento dos fatos, tomamos imediatamente as providências legais que nos cabia, seja dano suporte/auxílio a nossa colaboradora, seja decidindo que citado cantor nunca mais irá se apresentar no nosso espaço.
Ações afirmativas de proteção as mulheres precisam se tomadas, e acreditamos que não abrir mais nosso espaço para apresentação do citado cantor é uma delas.
Informamos que estamos colaborando com as autoridades policiais, naquilo que nos cabe, especialmente fornecendo as imagens do circuito interno, ao passo que nos colocamos a disposição das autoridades para maiores esclarecimentos, se necessários.
A nossa colaboradora, que não citaremos seu nome em respeito a sua identidade, informamos que continuaremos à disposição para lhe auxiliar, tanto no que diz respeito a sua recuperação física, quando as ações e medidas necessárias a apurar os fatos contra o agressor.
Por fim, reafirmamos o nosso compromisso com a busca pela efetivação dos direitos das mulheres. Precisamos dar um basta na violência de gênero, exatamente por conta da vulnerabilidade da mulher. Toda forma de violência contra a mulher deve ser apurada e punida nas formas da lei.”
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