Anomalias de temperatura para o período de 12 a 19 de junho, segundo o modelo ECMWF
Por Meteored/Tempo.com
Já tratamos aqui na Meteored Brasil várias vezes sobre o padrão climático atual e qual fator está determinando a condição atual. Para quem ainda não sabe, trata-se da Oscilação Antártica (AAO), que apresentou índices positivos nos últimos dias, representando uma redução das chuvas no centro-sul do Brasil, principalmente sobre a Região Sul.
Agora, a previsão é de que a AAO apresente uma tendência negativa na próxima semana representando o avanço de uma frente fria e de uma forte massa de ar polar pelo centro-sul do Brasil. Aliás, há a possibilidade do ar frio chegar até o oeste da Região Norte.
No entanto, a tendência aponta para uma certa dificuldade de avanço da frente fria pelo Brasil, forçando uma inclinação do sistema o forçando a atuar mais no sentido de noroeste-sul, o que possibilita o avanço da massa de ar polar pelo Sul e oeste do Brasil, não atuando de forma tão efetiva no Sudeste.
A explicação para esse comportamento está na oscilação de Madden-Julian (MJO), que durante esse período pode atuar na fase 4 favorecendo a atividade convectiva no Sul, o que força o sistema frontal a atuar mais tempo sobre a Região, dificultando o avançado mais expressivo da massa de ar polar.
Primeiras impressões sobre a intensa massa de ar polar
A última atualização do modelo ECMWF de até 46 dias para o período do dia 12 ao 19 de junho realça a atuação de massa de ar frio intensa, através das anomalias negativas de até -3 a -6°C.
Pela intensidade do evento, pode-se esperar a atuação de massa de origem polar, que pode ser a mais intensa do ano até o momento. Há a possibilidade também de ser a mais intensa do ano, uma vez que, com a atuação do El Niño, os eventos de frio passam a ser menos frequentes e com menor amplitude, proporcionando um inverno e primavera mais quentes que o normal.
As anomalias de temperatura também realçam a áreas de atuação da massa de ar polar, com frio de maior intensidade no estado do Rio Grande do Sul e no oeste dos demais estados. Devido a sua característica mais continental e da influência da oscilação da MJO, a queda de temperaturas pode não ser tão intensa no Sudeste, mas o ar frio consegue chegar até o oeste da Região Norte, condição prevista para depois do dia 14.
Os dias de mais frio e a intensidade do evento ainda não está tão clara para os modelos de previsão por ainda se tratar de uma tendência. No entanto, concordam que o evento de frio é o mais intenso até o momento. Há a possibilidade de o pico de frio acontecer mais próximo do 19 e proporcionar geada abrangente nos três estados da Região Sul.
Risco de chuvas intensas e volumosas
Para que uma massa de ar frio avance é preciso que haja anteriormente uma frente fria envolvida. O sistema frontal vai atuar e pode passar vários dias entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em virtude da influência da MJO. Além disso, as águas do Atlântico Sul estão mais aquecidas e isso fornece um combustível extra para o desenvolvimento das nuvens de chuva.
As anomalias de precipitação do modelo ECMWF para o período de 12 a 19 de junho realçam essa condição, com anomalias positivas sobre o estado de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. As chuvas podem ser persistentes e proporcionar volumes elevados, deixando o risco para alagamentos e deslizamentos de terra.