Fotos: Farol de Notícias / Manu Silva

Publicado às 04h54 deste sábado (8)

Todo dia ele faz tudo sempre igual, se sacode às cinco horas da manhã. Do lado, a mulher para começar a mover as máquinas da fábrica. Separa, lava, descasca, corta, embala. Repassa para o despachante armazenar no veículo de transporte, uma bicicleta barra circular azul de carga, inteiramente adaptada para os isopores repletos de delícias naturais. Frutas de todos os tipos que a natureza e a Feira Livre de Serra Talhada dá.

Sete e meia como era de se esperar o representante de vendas da modesta empresa Ki-Saladas sai encapuzado em seu transporte de delivery equipado para ofertar pelo menos 100 das saladas de fruta nas ruas da cidade. Marcondes Viturino Vasconcelos, 36 anos, morador do Ipsep junto com a Dona Aurilene Lopes Vasconcelos, investe no promissor ramo de saladas de fruta há três anos. Antes foi pintor de casas, largou pela concorrência que aumentou. Hoje oferta o lanche saudável com a propriedade que só os bons vendedores têm a oferecer: ‘Olha a Saladinha!’.

“Hoje eu ganho mais porque Graças a Deus, a minha clientela que sempre me compra todo dia. Comecei vendendo com um isopor nas costas, depois fiz um carrinho e então comprei a bicicleta para ficar andando. Comecei vender 50 saladas e hoje eu vendo 100 saladas, porque coloquei dentro de mim. Compro as frutas lá na feira livre, acordo 5h30 todo dia e umas 7h30 já estou na rua vendendo. Eu e minha esposa, ela produz e eu saio para vender na luta. Comecei vendendo a R$ 3 para mostrar o produto, hoje vendo a R$ 4. Rodo pelo Centro, vou para o Detran e de lá vou para a Bomba”.

No meio da entrevista uma cliente fiel interrompe questionando porque Marcondes não foi lhe vender hoje. O homem pronto para o trabalho já foi descendo da magrela, ia destampando o isopor, quando se deu conta que estava gravando. A cliente saiu olhando como quem cobra o lanchinho sagrado de todo dia, e o vendedor se recompôs e voltou ao relato:

“No começo não tinha todo esse equipamento, fui comprando, mandei fazer o emblema, a Ki-Salada. Tá dando o que falar, né? Tem o Delivery e se ligar eu vou na hora deixar, tem muita gente que liga. Igual a essa menina que chegou aí agora. Sou muito feliz fazendo isso, todo trabalho é digno. É melhor você está assim do que trabalhar para os outros, sendo humilhado. E aqui eu estou trabalhando para mim mesmo, faço o meu horário, mas tem que ser perseverante”.