ajudanteVinte famílias assentadas e três agregadas que vivem no Assentamento Carnaúba do Ajudante, zona rural de Serra Talhada, foram notificadas pela Justiça de uma ordem de despejo e tiveram suas terras colocadas a leilão na manhã da última terça-feira (11), na 18ª Vara da Justiça Federal, em Serra Talhada.

O valor estimado é de R$ 378.464,00 e lance mínimo a partir de R$ 189.232,00. Como não houve lance na terça, a segunda chamada será no próximo dia 25. (Proc.0000916-05.2005.4.05.8303).

As famílias estão ameaçadas de perder suas casas, armazéns e cisternas, além de romperem os laços da organização comunitária construída ao longo desse tempo e ficarem sem ter onde morar. Adultos, idosos e crianças entregues à própria sorte, sem terras, sem moradias, sem alternativas para a sobrevivência.

Veja também:   PERFIL: No século 21, ferreiro resiste às mudanças e ainda trabalha no centro de ST

Por volta de 2005, segundo informações de moradores, o então presidente da associação – que não teve o nome revelado -, retirou a quantia de R$ 129.000 junto ao Banco do Brasil, verba destinada à infraestrutura do assentamento, porém, o dinheiro nunca foi investido na comunidade e ele desapareceu. Os moradores afirmam que não autorizaram a retirara da verba, e falam em má fé e falsificação de assinaturas.

“O presidente da época entrou com uma ação na Justiça e conseguiu retirar um recurso que estava bloqueado, o SIC para estruturação do assentamento, aí ele desviou o dinheiro, e hoje a associação está pagando por algo feito por ele, corremos o risco de sermos expulsos da terra”, explica o assentado Jussiê dos Santos Souza, de 39 anos.

Veja também:   DROGAS: Polícia prende traficante dentro de ônibus da Progresso em Serra Talhada

Apesar de não serem responsáveis pelo desvio, as famílias vem sendo penalizadas desde então. São impossibilitadas de acessar políticas públicas de crédito/custeio, e enfrentam muitas dificuldades, em virtude da estiagem prolongada.

“A gente tá sendo ameaçado de despejo por coisa que não fizemos. A gente vem trabalhando com as posses que Deus deu com a cara e a coragem. Temos uma ação de despejo sem dever”, diz revoltado o assentado Joaquim Laurindo, de 56 anos.