Nino, André e Fábio abatidos após derrota — Foto: Jorge Rodrigues/AGIF

Por Ge

 

O sonho do bicampeonato da Copa do Brasil foi adiado mais uma vez. O Fluminense está eliminado do torneio após perder por 2 a 0 para o Flamengo na noite da última quinta-feira, no Maracanã. Resultado que é um tapa na cara da empolgação tricolor pós-título carioca. E ao mesmo tempo um choque de realidade para as limitações tão evidentes do elenco quando se precisa do banco.

Antes de mais nada, é preciso pontuar: foi uma eliminação justa diante do que foram os dois inéditos Fla-Flus pela Copa do Brasil. Nos quatro tempos disputados, o rival foi superior em três: nas duas etapas do jogo de ida e na etapa final da partida de volta. No primeiro tempo do clássico de quinta-feira, único período que o Fluminense foi (ligeiramente) superior, pouco produziu em termos ofensivos.

E aí cabe uma reflexão: estaria o Dinizismo, que encantou o Brasil nos primeiros meses da temporada, virando uma espécie de “aramelisismo”? De arame liso mesmo, dito popular para ataques inofensivos, que não ferem seus adversários. O Fluminense chegou a incríveis cinco jogos sem saber o que é fazer gols. E dessa sequência, só na derrota para o Corinthians é que conseguiu criar mais.

Neste Fla-Flu, novamente o baixo volume se repetiu. O Tricolor teve mais de 70% de posse de bola, mas apenas três chances de gol em todo o clássico: uma no primeiro tempo com Cano, aos 28 minutos, pegando de primeira na área após escanteio; e duas na etapa final, com Nino nos primeiros segundos, em chute defendido após rebatida; e com Cano aos 48, quando o argentino recebeu em posição legal, dominou no peito, mas não conseguiu finalizar já com a perna pesada.

– A gente não pode dizer que o artilheiro do mundo desaprendeu a fazer gol. Que um cara do talento do Arias não sabe como atacar mais. Que o Ganso não sabe mais como achar um passe. Foram detalhes que fizeram com que o gol não saísse – disse o capitão tricolor Nino, saindo em defesa dos companheiros ao deixar o Maracanã.

O Flamengo soube enfrentar e anular o time do Fluminense. Com só 29% de posse, teve uma proposta clara de jogar nos erros tricolores. Assim criou seis chances claras, sendo três em um mesmo lance, aos 33 do segundo tempo: o chute de Gerson cara a cara com Fábio, o rebote de Cebolinha na trave e o segundo rebote de Gabigol defendido pelo goleiro. O Rubro-Negro teve ainda seus dois gols, com Arrascaeta e Gabigol, e um contra-ataque dois contra um desperdiçado por Cebolinha, aos 37 da etapa final.

Com o cobertor do Fluminense curto após perder quatro titulares (Marcelo, Alexsander e Keno machucados e Felipe Melo suspenso), a sensação que dá é de que o time caiu muito de rendimento e chegou ao limite do que pode fazer com as peças à disposição no momento. Para ter condições de ainda sonhar com conquistas em 2023, a diretoria vai precisar buscar reforços na janela de julho.

Até lá, Fernando Diniz tem que seguir tentando com o que tem em mãos achar uma solução para um problema que ele próprio já apontou nessa sequência de cinco jogos sem vencer: a falta de profundidade. O criticado Pirani, por exemplo, desta vez entrou improvisado na lateral esquerda e ofensivamente deu mais amplitude ao setor. Isaac tem característica de ponta, mas ainda se mostra “verde”. Outra opção é Lelê, que não podia jogar a Copa do Brasil e, embora seja centroavante, também pode fazer a função de beirada.

Trabalho a ser feito é o que não vai faltar para Diniz tentar recolocar o Fluminense nos trilhos. Os jogadores se reapresentam na tarde desta sexta-feira no CT Carlos Castilho e voltam a campo no próximo domingo, quando recebem o Bragantino no Maracanã, às 16h (de Brasília), pela nona rodada do Campeonato Brasileiro.