Foto: Valéria Maniero/RFI

 

Do RFI

 

Neste segundo turno, exatos 24.274 brasileiros estão aptos a votar em Genebra e Zurique, os dois locais de votação na Suíça. Depois de terem enfrentado longas filas no primeiro turno, desta vez os eleitores em Genebra conseguiram votar com mais rapidez. No entanto, do lado de fora do local de votação, por volta do meio-dia, o clima era de agitação nesta tranquila cidade suíça.

Valéria Maniero, correspondente da RFI em Genebra

 

Eleitores pró-Bolsonaro gritavam a favor do seu candidato e contra Lula, aumentando o tom quando a TV Suíça chegou ao local. Com adesivos de Lula colados na camisa, o brasileiro Marco Antônio Miranda, que distribuía flores no local, disse à RFI que estava sendo constrangido pelo grupo pró-Bolsonaro.

A polícia chegou em seguida para acalmar os ânimos. “Eu estava aqui dando as flores, dizendo apenas: ‘pela paz no Brasil, você aceitaria uma flor?’, e aconteceu essa situação. Fui cercado, várias pessoas com camisa verde e amarela me filmando, dizendo que eu não podia fazer aquilo. E eles estavam gritando: ‘Lula, ladrão’, balançando bandeiras”, conta Miranda.

Ele sugeriu ao grupo que defendesse seu próprio candidato, mas que não incomodasse os outros eleitores. “Eles vieram para cima de mim para me constranger Ainda bem que chegou a polícia. Expliquei o que estava acontecendo. A polícia pediu para eles se afastarem. Mas esse é o nível, não se pode mais dialogar, não se pode mais ter diferença nenhuma. Os lados partem logo para a violência e para a ofensa”, lamenta Marco Antônio Miranda, que também foi orientado pela polícia a se afastar.

Já a brasileira Noêmia de Souza Cruz, 58, que mora em Genebra há dez anos, foi votar logo pela manhã, para não ter que esperar tanto tempo, como no primeiro turno, e evitar situações como essa. “Da outra vez, tinha muita gente, teve confusão. Eu acho que não é esse o caminho. Queremos um Brasil que caminha para frente e democracia”, defendeu.

Amigas há 25 anos, Maria Cristina Andrade, 51, e Maria do Socorro Vuagniaux, 62, foram votar juntas, mas cada uma em seu candidato. Ou melhor, na hora de votar, Maria do Socorro mudou de opinião e achou melhor não apoiar nenhum dos dois, surpreendendo a amiga, eleitora do PT, que achava que ela votaria em Bolsonaro.

 

“Policiamento adequado”

 

A RFI procurou o Consulado-Geral do Brasil em Genebra para se informar sobre o esquema de segurança para este 30 de outubro. O consulado não informou o número de agentes destacados para o dia de votação, mas afirmou que “teria equipe de segurança e policiamento adequado”.

Além disso, “como no primeiro turno, haverá segurança contratada junto ao Palexpo, o local de votação, reforçada pela presença da Polícia Diplomática Suíça”, acrescentou. De acordo com o consulado, os incidentes entre eleitores rivais ocorreram na área externa do local, não afetando a votação, e foram prontamente sanados pela Polícia Diplomática.

Ainda de acordo com o Consulado-Geral do Brasil em Genebra, “a polícia suíça estará atenta para prevenir quaisquer situações que possam interferir no processo de votação”.

Em Genebra, 10.539 brasileiros poderão votar em 28 seções que, agregadas, correspondem a 14 mesas receptoras de votos. No primeiro turno, em duas delas, as máquinas apresentaram defeito e o eleitor teve que aderir à velha urna de lona. Para evitar que isso ocorra novamente no segundo turno, foram recebidas quatro novas urnas eletrônicas, sendo duas para substituição das que apresentaram defeito e outras duas de contingência.

O resultado do primeiro turno mostrou uma disputa acirrada em Genebra: Lula recebeu 1.981 votos, enquanto Bolsonaro teve 1.930, uma diferença de apenas 51 votos. Já em Zurique, Lula ganhou com 47% dos votos contra 39,4% para Bolsonaro.

 

Em Zurique, mais organização e menos espera

 

Para evitar muito tempo de espera, em Zurique foi instaurada uma mudança em relação ao primeiro turno: em frente ao local de votação foi organizada uma fila única, posteriormente dividida em três pela equipe do consulado: uma para as pessoas prioritárias; outra para os eleitores munidos do aplicativo e-Título instalado e atualizado no celular; e uma terceira para os demais eleitores.

De acordo com o consulado, a organização das filas visa melhorar o fluxo de pessoas durante a votação. Em Zurique, 13.735 brasileiros estão aptos a votar na escola Juventus Schulen, local que dispõe de 19 seções eleitorais. Os boletins de urna com os resultados finais serão afixados do lado de fora da escola imediatamente após o término do processo de apuração.