Após perder parentes em enchente, família tenta recomeçar em ST

Fotos: Farol de Notícias/Celso Garcia

Publicado às 05h42 deste sábado (3)

Tamanha tem sido a dor das pessoas que enfrentaram e ainda hoje sofrem em decorrência das fortes chuvas que caíram em Recife, nos últimos meses. Érika Evelyn Sales de Araújo, 35 anos, diabética, mãe de seis filhos, não tem sido uma exceção. Diante do que viveu, com familiares sendo levados pelas enchentes, resolveu vir para Serra Talhada, à procura do pai e de ajuda. Ela contou para o Farol de Notícias, que há um mês chegou à capital do xaxado com o seu esposo. Inicialmente, em situação de rua, atualmente, moram em uma casa que alugaram com a ajuda dos amigos que fizeram em uma igreja evangélica, que também, deram-lhe condições de comprar água e chicletes para venderem nas ruas. Com o dinheiro arrecadado nas vendas, pagam o aluguel da casa. A maior preocupação de Erika Evelyn é a alimentação.

“O ganho é muito pouco, tenho uma menina de três anos e meio, e estou com uma senhorinha de 72 anos, que é a mãe do meu esposo, e não é aposentada. A dificuldade vem a cada dia, então resolvi pedir uma ajuda para a alimentação. Vim de Recife junto com o meu companheiro. Eu não tinha trazido a minha filha porque estava chovendo muito lá e não tinha condições. Ofereceram um local para a gente ficar, só que o local que o prefeito queria que a gente ficasse, não era um bom ambiente para criar os meus filhos, além de ser uma casa de R$ 300. Era uma situação de risco. Resolvi pegar na mão do meu esposo e vir procurar quem pudesse me ajudar. Vim procurar o meu pai. Ao chegar aqui, em Serra Talhada, eu tive uma decepção, o meu pai tinha pegado câncer e já estava com outra mulher, e foi embora. Ele faz artesanato. Eu não podia tentar de cidade em cidade, então eu disse ao meu esposo: ‘Na próxima cidade que a gente chegar, a gente vai parar e vai começar tudo de novo’. Estou procurando pessoas que tenham o coração bom. Eu vim procurar uma pessoa que possa me ajudar. Qualquer ajuda para mim é bem vinda”, esclareceu Erika Evelyn.

DRAMA

Infelizmente as fortes chuvas têm castigado os mais vulneráveis, deixando marcas que nem o tempo consegue apagar. A dor que Erika Evelyn sentiu, ainda é viva em sua memória:

“Vim por conta da enchente. Eu perdi minhas três irmãs lá. Um dos meus irmãos nem apareceu ainda. Não conseguiram nem achar nos escombros. Foi muito doloroso, eu estava em cima de uma laje com os meus filhos que ficaram no Recife, porque eu não tenho condições de trazer eles. No total eu tenho seis filhos, tenho dois casados e os outros são menores. A família ficou tomando conta do restante. Dói! Eu vi meus sobrinhos lá dentro com a minha irmã, morto ali, a casa caindo, muito grito, é uma coisa muito horrível. Eu vi a casa desabando, eu vi a minha irmã, eu estava em cima da laje de uma colega minha. Quando a água começou a chegar na minha cintura, só deu tempo de eu pegar alguns documentos e correr. Meu esposo estava trabalhando descarregando caminhão de coco. Quando ele chegou, já não tinha mais nada. Vi ela se afogando, vi ela gritando, vi ela debaixo dos escombros, vi tirando ela. Vi os outros que eu não consegui mais suportar. Às vezes, eu tento dormir, mas as imagens sempre vêm à tona, que não saem da nossa mente, é uma coisa que vai ficar eternamente. Eu nem sei como será no dia que eu encontrar o meu pai, como irei explicar”, desabafou Erika Evelyn.

como ajudar

Quem quiser e puder ajudar com mantimentos e fraldas para a sua criança, pode deixar na residência de Erika, no bairro Nossa Senhora da Conceição, casa que fica em frente a Pousada da Serra, de cor roxa, ao lado da Pousada Sagrada Família, ou na redação do Farol de Notícias, Rua Irmã Superiora Maria Luiza Rocha, 349, ANDAR 3, Nossa Senhora da Penha, Serra Talhada.

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