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Por Alejandro Garcia, repórter fotográfico do Farol

A dicotomia campo/cidade é um fato em nossa história e desagrega, exclui e discrimina um mundo entretanto exalta o outro. Os benefícios da vida na cidade não são entregues a quem vive no campo. Hoje tem energia, e com isso um pouco de conforto, mas não nos deixemos enganar. A vida no meio rural é muito sofrida. Você, Robério, que fez um bom comentário no Farol, listou bem as dificuldades. É sim, uma vergonha que as políticas públicas não contemplem questões com as condições da instrução da criança na escola rural e sua desvantagem em relação a escola da cidade. Os alunos de origem rural entram a concorrer no mercado em ampla inferioridade.

A vida no campo não oferece perspectivas na visão dos adolescente, que optam por sair em busca de um futuro melhor. Uma criança de 10 anos disse: – “Eu estudo para sair daqui, pois quero ser alguém na vida”. –E teu pai (agricultor), não é alguém? –É sim, mais trabalha, trabalha, e sempre continua igual.

Há um abismo entre o campo e a cidade e este está instalado em nossa cultura, então se considera natural que exista. Se intelectualiza sociologicamente ou, com arrogância inaudita, se justifica como a vontade de Deus, como se alguém conhecesse essa vontade. Mas não se reflete sofre o sofrimento de uma família quando uma criança adoece, passa a noite tossindo até se acabar e não se tem a quem recorrer para aliviar o sofrimento. Médico, farmácia, nada.

AJUDA NÃO É PROJETO DE EMANCIPAÇÃO

É verdade que nos últimos anos houve uma ajuda do governo. Ajuda é a palavra certa. Articulação política, projeto ou perspectiva de mudança da estrutura que sustenta essa precariedade não conheço. Ainda a vida do campo depende fundamentalmente do clima, por isso entendo que um dia de chuva provoque alegria e ascenda a esperança. Me emociona a Fé do agricultor, é digna de louvar. Essa esperança que nasce num dia lhe acompanha o ano tudo. O meio rural é muito sofrido. É sim, uma vergonha, que as políticas públicas não contemplem questões como as condições da instrução da criança na escola rural e sua desvantagem em relação a escola da cidade. Os alunos de origem rural entram a concorrer no mercado em ampla inferioridade.

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